Rios acessíveis apenas por helicóptero e o ataque de um crocodilo a um investigador fazem parte desta descoberta feita por uma equipa da Universidade de Melbourne a uma das regiões mais desconhecidas da Austrália.
Tudo aconteceu na remota Kimberley, uma das nove regiões do estado da Austrália Ocidental, à beira do Oceano Índico e do Mar de Timor.
Os investigadores da Universidade de Melbourne, coordenados por Tim Dempster – da Escola de Biociências daquela instituição – passaram nove meses em 17 rios de Kimberley para estudar os riscos de extinção que enfrentam as espécies de peixes de água-doce.
Sem esperar, descobriram 20 espécies novas, segundo um artigo publicado na revista Global Ecology and Biogeography. Kimberley, uma das regiões da Austrália menos estudada pelos biólogos, tornou-se na mais biodiversa do país para os peixes de água-doce.
Doze das 20 espécies foram encontradas num período de três semanas em 2013 por James Shelley e Matthew Le Feuvre, o principal autor do artigo científico, quando conseguiram chegar a alguns dos mais inacessíveis rios australianos por helicóptero. Recolher amostras foi um desafio. Shelley chegou mesmo a ser atacado por um crocodilo quando fazia snorkeling no rio Glenelg.
“Com toda a certeza, este é um bastião para os peixes de água-doce e o mais espantoso é que nem estávamos à procura de nada”, disse Tim Dempster, em comunicado divulgado a 4 de Janeiro pela Universidade de Melbourne.
Segundo Matthew Le Feuvre, “muitas das 18 espécies conhecidas e das 20 novas de Kimberley têm características semelhantes às de outros peixes da Austrália com estatuto de conservação Vulnerável, Ameaçado ou Em Perigo”. Ainda assim, “actualmente nenhuma espécie de peixe em Kimberley está listado, apesar da sua potencial vulnerabilidade”.
Os investigadores esperam que estas descobertas reforcem os trabalhos de conservação em Kimberley. A Universidade de Melbourne e o investigador Dempster estão a criar um fundo de conservação para proteger as mais de 220 espécies de peixes da Austrália.