Os correspondentes da Wilder, Cláudia e Vítor, caminharam cinco quilómetros e meio pelo Parque Nacional de Peneda Gerês, rodeados por medronheiros, carvalhos e margaridas-do-monte, enquanto escutavam o chilrear dos pássaros. Ao pé da vila do Campo do Gerês, ficaram hipnotizados pelas estrelas de uma noite deslumbrante.
O Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), nomeado Reserva Natural da Biosfera pela Unesco, tem uma grande variedade de fauna e flora, assim como uma beleza paisagística particular – o que o tornou, ao longo dos tempos, numa das maiores atracções naturais do país. A multiplicidade de trilhos é espantosa e há muito por onde escolher.
Num fim-de-semana solarengo fomos até ao Parque de Campismo de Cerdeira, que nesta altura do ano se revelou bastante calmo e sossegado, ideal para ouvir o chilrear dos pássaros e o vento nas árvores logo pela manhã.
O trilho que escolhemos, sobretudo pela proximidade em relação ao parque, foi o “Trilho da Águia Sarilhão”. Deve o seu nome à Fraga do Sarilhão, onde a águia-real (Aquila chrysaetos) construía os seus ninhos.
O percurso é plano até à encosta da Fraga, onde a vegetação arbustiva se adensa e encontramos alguns declives. Há bastantes medronheiros (Arbutus unedo) e alguns carvalhos (Quercus robur), mas também termentelo (Thymus caespititius), erva-dos-piolhos (Pedicularis sylvatica) e algumas margaridas-do-monte (Chamaemelum nobile).
Embora as ouvíssemos, não observámos muitas aves. Vimos sim vários reptéis, como a lagartixa-de-bocage (Podarcis bocagei), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica) ou os lagartos-de-água (Lacerta schreiberi), já mais próximos do Rio Homem. É de destacar que o PNPG é o único sítio do país onde podemos encontrar exemplares da víbora-de-seoane (Vipera seoanei).
Este trilho pertence a uma rede de percursos pedestres intitulada “Na Senda de Miguel Torga”, criada em homenagem ao escritor, que por aqui gostava de passear e aqui haveria de escrever e de se inspirar para muitos dos seus poemas. Os diários do autor, publicados pela editora Dom Quixote, poderão ser uma leitura recomendada.
O trilho atravessa parte da Geira Romana, outrora uma estrada militar que ligava Braga a Astorga, em Espanha, construída por volta do último terço do século I d.C. sob a égide de Tito e Domiciano, e onde podemos encontrar um núcleo de marcos miliários. Estes marcos eram colocados com intervalos de 1480 metros ao longo do percurso.
É possível realizar um trilho específico relativo à Geira Romana partindo do parque de campismo, e que segue junto às margens do rio durante cerca de 5 km. Contudo neste fim-de-semana não tivemos tempo para tal.
A estadia de uma pernoita no parque de campismo dá a possibilidade de um curto passeio pela noite estrelada nos arredores da vila do Campo do Gerês, o que é altamente recomendado, pois é deslumbrante… E é quase impossível não ficar hipnotizado pelo infinito e pela magia que as estrelas e constelações reclamam.
É definitivamente um lugar para voltar e voltar, pois há sempre algo novo para ver.
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