Animais foram capturados e resgatados hoje por técnicos do ISPA e do ICNF depois do colapso de um dos pontões da Trafaria, Almada, considerado um perigo para esta importante população de cavalos-marinhos.
O colapso de um dos pontões da Trafaria aconteceu a 25 de Março, pondo em perigo a população de cavalos-marinhos que vive debaixo desse pontão, revelou hoje o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em comunicado.
Esta população tem animais de duas espécies, o cavalo-marinho-de-focinho-curto (Hippocampus hippocampus) e o cavalo-marinho-de-focinho-longo (Hippocampus guttulatus).
As autoridades admitem não conhecer qual a dimensão deste núcleo populacional mas afirmam que “a densidade de indivíduos encontrada debaixo dos pontões parece ser elevada sendo bastante pertinente a sua proteção”.
Até porque, acrescenta o ICNF, será necessário proceder ao afundamento do que resta do pontão, por questões de segurança.
“Dada essa urgência de intervir no pontão, seria importante assegurar a translocação daqueles indivíduos para um outro local com características adequadas, ou mantê-los em cativeiro até poderem ser novamente devolvidos à natureza.”
Essa operação aconteceu hoje, coordenada pelo ICNF. Os animais foram capturados por peritos do ISPA – Instituto Universitário, devida e excepcionalmente licenciados para esta operação. O objectivo foi capturar o maior número de espécimes de cavalos-marinhos. A Autoridade Portuária do Porto de Lisboa colaborou com esta operação, adiando a sua intervenção no pontão e permitindo essa captura dos cavalos-marinhos.
Os animais serão agora levados para o Oceanário de Lisboa, que os vai acolher e manter até à sua devolução à natureza. A data para a devolução ainda não foi decidida pelo ICNF.
As duas espécies de cavalos-marinhos em causa “têm graves problemas de conservação” e necessitam “de medidas de proteção específicas e urgentes”, lembra o mesmo instituto.
Ambas são ameaçadas pela degração ambiental, pela captura acessória em artes de pesca e ainda pela sobre-exploração ligada à medicina tradicional e à aquarofilia, como aliás acontece com os cavalos-marinhos em todo o mundo.
Estão listadas nos anexos da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção) e no Regulamento Comunitário que aplica essa convenção na União Europeia, tendo ainda sido incluídas nos anexos do recentemente publicado Decreto-Lei nº 38/2021, de 21 de maio, que aprovou o regime jurídico aplicável à proteção e à conservação da flora e da fauna selvagens e dos habitats naturais das espécies enumeradas nas Convenções de Berna e de Bona.
Os artigos desta secção são apoiados pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.