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Thomas Lovejoy (à direita) a receber o prémio Blue Planet em 2012. Foto: Blue Planet Prize

Morreu Thomas Lovejoy, o “padrinho da biodiversidade”

27.12.2021

Faleceu aos 80 anos Thomas Lovejoy, o biólogo conhecido como o “padrinho da Biodiversidade”, por ter introduzido o termo “diversidade biológica”. “O seu trabalho vai perdurar durante várias gerações”, diz Elizabeth Mrema, secretária-executiva da Convenção da ONU para a Diversidade Biológica.

Este biólogo e professor norte-americano morreu a 25 de Dezembro passado, aos 80 anos, informou a National Geographic. O movimento conservacionista mundial perde assim um dos seus “gigantes”.

Lovejoy ajudou a focar a atenção do mundo num dos seus biomas mais importantes, a floresta da Amazónia, e nas ligações entre as alterações climáticas e a perda de biodiversidade.

“Encontrar o nosso caminho no meio da crise climática também exige que nos recordemos como funciona o nosso planeta – como um sistema biológico e físico interligado com um coração que pulsa, que faz a fotosíntese e que cria chuva feito de florestas selvagens”, escreveu a 2 de Novembro num artigo de opinião do New York Times, assinado com John Reid, economista da ONG Nia Tero.

Em 2012 ganhou o prémio Blue Planet, considerado o prémio Nobel na área do Ambiente, e ao longo da sua vida foi conselheiro para o Ambiente dos Presidentes norte-americanos Ronald Reagan, George H. Bush e Bill Clinton.

“Estou profundamente triste por saber que Thomas Lovejoy faleceu esta semana e envio as minhas condolências para a sua família e amigos”, disse Elizabeth Mrema, secretária-executiva da Convenção da ONU para a Diversidade Biológica. “Conhecido como o ‘padrinho da biodiversidade’, ele contribuiu de uma forma tremenda para a nossa compreensão da diversidade da vida. O seu trabalho vai perdurar durante várias gerações”, acrescentou.

Também o investigador português Miguel Bastos Araújo lamentou esta perda. Num post publicado no Twitter, Miguel Bastos Araújo recorda Thomas Lovejoy como uma “figura chave que trouxe a ciência da biodiversidade para as altas esferas da política e das políticas”.

Durante a sua carreira, Thomas Lovejoy, formado na Universidade de Yale, deu um “impressionante contributo na área da biologia da conservação e chamou a atenção para a fragilidade do estado do nosso Ambiente”, escreve a revista National Geographic. Thomas Lovejoy juntou-se à comunidade National Geographic em 1971, quando recebeu a sua primeira bolsa para estudar a ecologia das aves tropicais na Amazónia. Em 2019 foi distinguido como National Geographic Explorer at Large, título que manteve até ao final da sua vida.

Também ficou conhecido como um grande defensor da floresta Amazónica brasileira, sobre a qual fez a sua tese de doutoramento nos anos de 1960 e com a qual manteve sempre uma estreita relação. Durante mais de 50 anos fez investigação científica na floresta Amazónia, tornando-se um porta-voz mundial deste tão importante bioma.

Na década de 1970, Lovejoy dedicou-se a actividades de educação ambiental sobre o impacto da perda das florestas tropicais. Em 1980 ele publicou uma estimativa da taxa de extinção das espécies e tornou-se na primeira pessoa do mundo a fazer soar o alarme para a extinção das espécies a um nível político.

Em 1987, Lovejoy começou o seu trabalho de campo na Amazónia como investigador da Smithsonian Institution e investigador no terreno da organização World Wildlife Fund (agora World Wide Fund for Nature).

Pelo seu trabalho, no Brasil foi reconhecido com a Ordem do Rio Branco (1988) e com a Ordem do Mérito Científico (1998), recorda o jornal brasileiro Globo.

Thomas Lovejoy, que nasceu a 22 de Agosto de 1941 em Nova Iorque – e que se começou a interessar por Biologia aos 14 anos – acabou por falecer a 25 de Dezembro de 2021 em Washington.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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