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Foto: Joana Bourgard

Em curso desbaste de pinheiros para promover a biodiversidade na Mata Nacional dos Medos

13.12.2021

Na Mata Nacional dos Medos, no topo da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, Almada, estão a ser desbastados pinheiros-mansos para dar lugar a outras árvores e plantas autóctones e está a ser construída uma rede de passadiços sobrelevados para permitir uma visitação mais ordenada, revelou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A Mata Nacional dos Medos, com 340 hectares, está inserida na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, concelho de Almada.

Ali estão a decorrer acções de prevenção estrutural contra incêndios, de restauro, de conservação e de valorização de habitats naturais e de educação ambiental.

Em cerca de 100 hectares estão a ser realizadas “operações de desbaste de pinheiros mansos com o objetivo de favorecer a melhoria das condições de crescimento para as árvores que ficam e redução do ensombramento do sub-bosque, promovendo uma maior diversidade florística”, explica o ICNF em comunicado divulgado a 8 de Dezembro.

Nessa zona houve um incêndio florestal em 1983. Depois disso, entre o final de 1987 e início de 1988, toda a área foi plantada com pinheiro manso “com uma densidade de árvores muito elevada para garantir uma cobertura precoce do solo, prevendo-se já nessa altura que teriam que ser efetuados desbastes à medida que as árvores se desenvolvessem”.

O primeiro desbaste aconteceu em 2003 “com boa resposta, visível no desenvolvimento das árvores remanescentes”.

Em 2013 foi aprovado o Plano de Gestão Florestal da Mata Nacional dos Medos, precedido de período de Discussão Pública, que, entre outras ações, prevê desbastes com o objetivo de promover a biodiversidade.

“O maior afastamento entre copas das árvores, garantindo a entrada de luz solar, permitirá que os pinheiros selecionados (árvores de futuro) desenvolvam copas equilibradas e, sobretudo, que surjam outras espécies características, como sejam zimbros, aroeiras, medronheiros, zambujeiros, carrascos, etc” explica o instituto.

Além disso, a redução da densidade “contribui ainda para a estratégia de defesa da floresta contra incêndios, interrompendo a continuidade horizontal e vertical dos povoamentos intervencionados”.

“Sem esta intervenção, o destino deste setor da MNM seria a total continuidade de copas de árvores, com aumento do risco de propagação de incêndios florestais e a anulação quase total da vegetação dos estratos arbustivo e herbáceo.”

O ICNF garante que vai monitorizar a evolução do subcoberto e o eventual surgimento de espécies exóticas infestantes como as acácias e o chorão marítimo. Estão previstas acções de controlo destas exóticas e a plantação de zimbros, aroeiras, medronheiros, entre outras espécies.

Quanto ao impacto das máquinas no solo da Mata, o ICNF refere que, apesar de terem sido tomado medidas para mitigar os efeitos negativos da circulação de viaturas no interior da mata, “é certo que ocorrerá destruição de vegetação e compactação do solo. Contudo, trata-se de impactes pouco significativos e temporários que serão ultrapassados em pouco tempo e largamente compensados”.

“A deslocação da maquinaria no âmbito das operações em curso é feita preferencialmente pelos aceiros e em percursos definidos no interior do povoamento, por forma a mitigar danos na vegetação.”

“As operações foram definidas por forma a minimizar os impactes no solo e na vegetação e são acompanhadas permanentemente por técnicos do ICNF, bem como pela equipa de Vigilantes da Natureza da Paisagem Protegida da arriba Fóssil da Costa da Caparica. A não realização desta ação seria, mais lesiva para a vegetação do que os impactes negativos decorrentes da intervenção.”

Além desta gestão florestal está a ser construída uma rede de passadiços sobrelevados na parte norte da Mata. O objetivo é “promover a visitação de forma mais ordenada, menos impactante mas, simultaneamente, estender essa possibilidade a utentes com mobilidade reduzida e condicionada”.

As vias de acesso e parques de merendas estão a ser vedados para ordenar a circulação e estacionamento dentro da Mata e os equipamentos nos parques de merendas estão a ser requalificados.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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