A correspondente da Wilder encontrou uma cobra rateira em apuros no campo. Logo se seguiu uma “operação de resgate”.
Enquanto caminhava a passos largos em direção à torneira e pensava nas plantas que tinha de regar, apercebi-me de um assobio. “Será que já abri a torneira?…” Não, estava fechada. Mas o som continuava. Quando olhei para os fardos de palha, logo ao meu lado direito, lá estava ela, uma cobra rateira, presa numa sobra de rede usada para proteger as plantas.
Numa tentativa de passar pelo “buraco da agulha” ficou entalada, e já apresentava um pequeno inchaço, o que indicava já estar naquela posição há algumas horas.
O meu pai, que está bastante mais familiarizado com estes animais do que eu, tratou de a soltar da rede e, após verificar que ela se encontrava em perfeitas condições, devolveu-a à liberdade.
A cobra rateira (Malpolon monspessulanus) é considerada o maior ofídio da Península Ibérica, podendo ultrapassar os 2 metros e viver mais de 25 anos. Distribui-se por todo o território nacional e não se encontra, actualmente, na lista das espécies ameaçadas.
Está activa durante o dia, com excepção nos meses de mais calor, onde pode adoptar hábitos crepusculares. Robusta, rápida e ágil esta cobra pode demonstrar um comportamento agressivo quando se sente extremamente ameaçada.
É importante referir que esta espécie é opistóglifa, isto é, os dentes inoculadores de veneno encontram-se no maxilar de cima atrás, o que a impede de injetar veneno no ser humano, e, por isso, embora esta possa ser eficazmente assustadora quando bufa e investe contra a ameaça, a sua mordidela não representa qualquer perigo para os humanos.
Excelente trepadora, assim como nadadora, a cobra recorre com frequência a estas duas capacidades, tanto para se proteger ou aquecer como para caçar.
Cabeça pontiaguda, olhos grandes com as escamas supraoculares proeminentes, a natureza concedeu-lhe um ar feroz e sempre atento. Na fase adulta, o seu dorso apresenta colorações bastante variadas, que vão do verde oliváceo até ao castanho acinzentado, com o ventre a destacar-se, exibindo uma coloração amarelada com manchas escuras.
A dieta deste réptil esta intimamente ligada com a sua envergadura, ou seja, enquanto juvenil a cobra-rateira vai alimentar-se quase exclusivamente de insectos, sendo que, à medida que vai crescendo, começa a caçar outros répteis (lagartixas, outras cobras) pequenos roedores, acabando no ocasional “assalto” ao ninho.
Hibernando de Outubro a Março, a cobra rateira torna-se mais fácil de observar nos meses da Primavera e Verão, durante os quais se dá o acasalamento e a postura dos ovos, assim como a eclosão dos mesmos. Presente numa grande variedade de habitats esta cobra aprecia desde pedreiras e matas a zonas agrícolas ou jardins.
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