Esta activista e defensora dos direitos humanos e das florestas do estado mexicano de Oaxaca já tinha recebido várias intimidações e ameaças de morte, denunciam as organizações não governamentais do país.
Ironicamente, a primeira vez que deram pela falta de Irma Galindo Barrios aconteceu quando a ambientalista mexicana não compareceu a uma sessão da equipa do Mecanismo Governamental para Protecção para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos e Jornalistas, no dia 29 de Outubro.
Irma, 41 anos, era obrigada a proteger-se sozinha devido à falta de mecanismos de defesa estatais que a ajudassem a fazer face às intimidações e ameaças de morte que recebia, provocadas pela sua defesa dos direitos humanos dos povos indígenas e das florestas nativas no município de San Esteban Atatlahuca, em Oaxaca, no México.
Desde 2018 que Irma era alvo de ameaças, mas a análise ao risco que enfrentava – realizada pelo Mecanismo Governamental para Protecção para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos e Jornalistas – tinha concluído até agora que se tratava de um risco “ordinário”, pelo que “podia esperar” e “a sua vida não está em perigo”.
A última vez que foi vista aconteceu a 27 de Outubro, precisamente quando publicou nas redes sociais uma denúncia do conflito enfrentado pelo povo Ñuu Savi – etnia a que pertence, conhecida também como mixteca – afirmando que há mais de dois anos que o governo estatal de Oaxaca “aplica estratégias” que incluem o desaparecimento forçado e “que colocam em perigo defensores” destes indígenas. A denúncia do desaparecimento foi feita por várias ONG, incluindo um comunicado da Iniciativa Mesoamericana de Mulheres Defensoras de Direitos Humanos.
Foi em 2018 que Irma Galindo alertou para a existência de “uma unidade madeireira que estava a destruir a floresta com a permissão das autoridades federais mexicanas e a aceitação das autoridades estatais e locais”. Mas não houve resposta das autoridades a esta denúncias, afirma a mesma organização.
Além das ameaças que recebeu desde essa data, vindas de funcionários ligados ao governo local, Irma viu a sua casa ser incendiada em Novembro de 2019 por homens armados, quando foi obrigada a fugir e a esconder-se durante vários dias. Mas optou por regressar à sua terra e por continuar a alertar para a destruição da floresta local e para os ataques aos habitantes.
Já no mês passado, a 23 de Outubro, houve ataques armados em localidades de San Esteban Atatlahuca, o que levou centenas de pessoas a deixarem as suas casas e à criação de acampamentos improvisados nas comunidades de Mier y Terán e Ndoyonuyuji. Foi esta a última situação denunciada publicamente por Irma, antes de desaparecer no final de Outubro.
“Exigimos que as autoridades mexicanas conduzam uma investigação rápida e independente que garanta o aparecimento com vida da defensora Irma Galindo”, apela a Iniciativa Mesoamericana de Mulheres Defensoras dos Direitos Humanos. “Pedimos à comunidade internacional e aos nossos aliados que fiquem em alerta quanto a esta situação e nos ajudem a exigir o aparecimento de Irma com vida.”
De acordo com dados da Secretaria de Governação (Segob) citados numa notícia do El Confidencial, desde que o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador tomou posse do cargo em Dezembro de 2018, registaram-se 94 homicídios de pessoas defensoras dos direitos humanos.