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Erva-das-Pampas (Cortaderia selloana). Foto: Forest & Kim Starr/Wiki Commons

Luta contra a erva-das-pampas em Arganil recebe 20.000 euros

08.11.2021

O município de Arganil obteve 20.000 euros do Fundo Ambiental para controlar a erva-das-pampas, espécie exótica invasora no concelho, revelou a autarquia.

Este financiamento será dedicado ao projeto Stopcortaderia@Arganil, que visa o controlo da erva-das-pampas (Cortaderia sellona) em todo o território concelhio.

A erva-das-pampas, espécie da América do Sul, é actualmente uma invasora muito preocupante em Portugal, alertou anteriormente à Wilder Hélia Marchante, professora na ESAC – Escola Superior Agrária de Coimbra (Instituto Politécnico de Coimbra).

“É uma gramínea de crescimento rápido, altamente adaptável a diversos climas, solos e habitats. Invade dunas costeiras, terrenos com elevado valor ecológico e de conservação e também áreas perturbadas”, explicou a docente universitária, que é também investigadora no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.

Um dos maiores problemas é a facilidade com que se espalha: “Cada planta pode produzir até um milhão de sementes que são facilmente dispersas pelo vento e que podem ‘viajar’ pelo ar até 30 quilómetros de distância da planta-mãe – explicou Hélia Marchante, que está também ligada ao projecto invasoras.pt – principalmente nas bermas de auto-estradas e caminhos de ferro onde a circulação do ar provocada pela passagem dos veículos facilmente as transporta a longas distâncias”. 

O projeto Stopcortaderia@Arganil “prevê um conjunto de ações de erradicação e de controlo preventivo desta espécie exótica invasora, considerada uma praga, nomeadamente em zonas do concelho onde a sua presença tem vindo a tornar-se mais evidente, como acontece na área envolvente à Zona Industrial da Relvinha, no Sarzedo”, segundo um comunicado da autarquia divulgado a 4 de Novembro.

Além das ações de erradicação e controlo da erva-das-pampas, o projeto prevê ainda ações de mapeamento, de deteção precoce e resposta rápida e ações de restauro ecológico, recorrendo à plantação de espécies autóctones.

“Estão também programadas ações de sensibilização da população, uma vez que a utilização da espécie como ornamental é ainda vulgar, tanto da planta em vida (jardinagem) como de material vegetal (flores para decoração), graças às suas plumas brancas e vistosas.”

O financiamento, no valor de 20 mil euros, resulta da candidatura submetida pelo Município de Arganil e aprovada pelo Fundo Ambiental, entidade com a qual foi celebrado o protocolo a 4 de Novembro, numa sessão onde participou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes e o presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa.

“Este projeto vai permitir complementar o trabalho do Município de Arganil no controlo de espécies exóticas invasoras, através, nomeadamente, da participação e implementação de projetos promovidos pelo Clube Ciência Viva, do Agrupamento de Escolas de Arganil, em parceria com a Escola Superior Agrária de Coimbra e com o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.”

Recentemente, o município de Arganil integrou a aliança estratégica transnacional de luta contra esta espécie exótica invasora, no âmbito do projeto Internacional LIFE Stop Cortaderia.

O projecto luso-espanhol LIFE Stop Cortaderia (2018-2022) foi criado para combater a expansão desta invasora nos países do sul do Arco Atlântico – Portugal, Espanha e França. A Câmara Municipal de Gaia e a Escola Superior Agrária de Coimbra são os parceiros do lado português.

O crescimento desta erva em Portugal está a ser “alarmante”, segundo Hélia Marchante, pelo que é “urgente” controlar ou pelo menos conter a erva-das-pampas e informar a população.

Em Portugal, a erva-das-pampas pode ver-se “de norte a sul do país, principalmente junto ao Litoral Norte e Centro, mas não só.” Há também registos em ilhas dos Açores e da Madeira. A zona que vai de Aveiro até Gaia e Porto é uma das mais invadidas, mas desde há vários anos que a espécie se tem vindo a espalhar por toda a zona litoral portuguesa. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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