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Novo documentário mostra os “laboratórios de natureza” da Universidade de Aveiro

28.08.2015

Os bastidores de cinco projectos sobre o mundo natural, onde trabalham cerca de 30 investigadores da Universidade de Aveiro, são o coração do documentário “Laboratórios de Natureza”, a estrear na SIC neste domingo.

 

As filmagens do documentário, com 45 minutos de duração, demoraram 16 meses, disse Joaquim Pedro Ferreira, um dos autores do filme, juntamente com Paulo Caetano. “O trabalho esteve dependente do andamento e da sazonalidade dos projectos no terreno, alguns deles imprevisíveis.”

Joaquim Pedro Ferreira e Paulo Caetano são uma dupla de autores que têm publicado os livros “Cães de Gado” (2010), “Alerta!! Pelos Burros” (2012), “Filhos do Auroque” (2013) e “Os Senhores da Floresta – Ungulados Silvestres em Portugal” (2014). Agora contam as histórias dos investigadores do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, na qual Joaquim Pedro Ferreira é biólogo.

O documentário, produzido pela Terra Líquida Filmes, divide-se em cinco capítulos: “Espécies marinhas em perigo”, “Nanopartículas – os perigos invisíveis”, “A ameaça das bactérias multirresistentes”, “O Baixo Vouga Lagunar – Reserva de Biodiversidade” e “A vida nos mares profundos”.

“Quisemos mostrar como os biólogos contribuem para o bem-estar da sociedade e para a melhoria da nossa relação com o mundo vivo”, explicou Joaquim Pedro Ferreira à Wilder. “O conhecimento adquirido é importante para ajudar a preservar os ecossistemas”, como são disso exemplo os projectos sobre a recuperação de animais marinhos e sobre o Baixo Vouga Lagunar.

O documentário, com narração de Eduardo Rego, acompanhou o trabalho da equipa que resgata os animais que dão à costa portuguesa e que tenta perceber quais as maiores ameaças a estas espécies marinhas. A equipa de filmagens esteve junto a dois golfinhos, a uma tartaruga e a vários gansos patolas em recuperação e a uma foca-cinzenta que, depois de recuperada, foi libertada no oceano.

 

 

Enquanto isso, no Baixo Vouga Lagunar, as filmagens decorreram nos campos Bocage, um tipo de habitat muito raro caracterizado por sebes de vegetação que rodeiam os campos agrícolas e que servem de habitat para inúmeras espécies.

 

 

Várias equipas de biólogos identificam que animais ali vivem, desde rãs e ratinhos a morcegos, raposas, ginetas e lontras. “Com o conhecimento adquirido, os biólogos podem ajudar a compatibilizar os usos agrícolas com a biodiversidade”, explicou Joaquim Pedro Ferreira.

 

 

“Nomeadamente, sabe-se que as sebes e a vegetação ribeirinha são como as veias da paisagem, ajudando os animais a deslocarem-se naquele espaço. Os cortes dessa vegetação levam a quebras na biodiversidade”, acrescentou.

Outro dos projectos selecionados para o documentário é o estudo dos fundos marinhos a grandes profundidades para saber como vivem as espécies nos mares profundos, onde não chega a luz do Sol. Para simular um ambiente muito específico, as carcaças de baleia no fundo do mar, os investigadores colocaram cinco carcaças de vacas a 1.000 metros de profundidade, no canhão de Setúbal.

 

 

Mais de um ano depois regressaram ao local, graças ao ROV (veículo de operação remota da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental), e recolheram amostras que foram depois analisadas.

O documentário mostra ainda a investigação sobre os perigos das nanopartículas, presentes em alguns dos objectos do quotidiano – como protectores solares e camisolas desportivas – e invisíveis a olho nu.

Os investigadores concluíram que estas nanopartículas vão-se acumulando no ambiente e têm efeitos nefastos na saúde humana e na natureza, especialmente nos rios, ribeiros e campos de cultivo.

 

 

Uma outra ameaça são as bactérias que se estão a tornar multirresistentes aos antibióticos, mesmo aos de último recurso. Segundo os investigadores, nos últimos anos tem-se usado, descontroladamente, antibióticos na aquacultura, agricultura e na engorda de animais de consumo.

 

 

O perigo é que as novas estirpes de bactérias resistentes já escaparam dos ambientes hospitalares e multiplicam-se por todo o lado. Os investigadores estudaram o que está a acontecer nos rios da bacia hidrográfica do rio Vouga.

 

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Laboratórios da Natureza: Espaço Vida Selvagem, SIC, 12h15

Autoria: Paulo Caetano e Joaquim Pedro Ferreira

Realização: Ricardo Espírito Santo e Joaquim Pedro Ferreira

Duração: 45 minutos

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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