O leitor Paulo Fernandez fotografou esta ave a 22 de Dezembro de 2019 nos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, e quis saber a que espécie pertence. Gonçalo Elias responde.
“Vi e fotografei uma espécie que tem a dimensão de uma felosinha, comporta-se nervosamente como uma felosinha e aparentemente é idêntica à felosinha, mas tem um ‘bigode arrebitado’ na base do bico. Deslocava-se nervosamente na copa de um pequeno carvalho, o que tornou muito difícil fotografá-la”, escreveu o leitor à Wilder.
A 25 de Dezembro, Paulo Fernandez regressou aos jardins Gulbenkian. “Tornei a ver esta espécie, cinco a seis indivíduos, quatro dos quais na mesma árvore onde os tinha visto no dia 22, que fica junto à zona do lago, próxima do auditório e outros dois noutra árvore (um sobreiro), junto ao café novo do jardim, ao pé da saída lateral do jardim.”
“Alguns dos indivíduos parecem ser fêmeas ou juvenis porque praticamente não têm os tais ‘bigodes’ na base do bico e outros têm esses ‘bigodes’ claramente visíveis. Todos eles têm listas supraciliares amarelo esverdeado, comportam-se como as felosinhas comuns e têm uma coloração geral de felosinha, mas têm bicos mais compridos e com ponta extremamente fina.”
A espécie que observou é uma felosa-comum (Phylloscopus collybita).
Espécie identificada por: Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal.
“É uma felosa-comum (ou felosinha). O ‘bigode’ mencionado não é mais do que as penas molhadas ou sujas devido ao facto de se estarem a alimentar de azeitonas ou outros frutos, deixando as penas com este aspecto. Acontece com alguma frequência nesta espécie”, explicou Gonçalo Elias.
Esta é uma espécie invernante muito comum e, talvez por isso, tem vários nomes consoante a região do país: Bago-d’uva, Fuim, Fulecra ou Tolinha-das-couves, segundo o livro “Aves de Portugal – Ornitologia do território continental” (Assírio & Alvim, 2010).
Mas é raro fazer ninho em Portugal.
As aves que podemos ver durante o Inverno – especialmente a partir do início de Outubro, vindas do Reino Unido, França e Países Baixos – procuram habitats muito diversos, desde quintas, jardins e parques das cidades até pomares, hortas, montados, pinhais e zonas húmidas.
Agora é a sua vez.
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