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Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

Nasceram as primeiras crias de lince-ibérico de 2021 em Silves

01.03.2021

O primeiro parto de 2021 no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI) aconteceu a 27 de Fevereiro. Juromenha deu à luz três crias, revelou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

As três crias nasceram às 13h19 de dia 27 de Fevereiro nas instalações do CNRLI, em Silves, e são fruto do emparelhamento de Juromenha com o macho Juncabalejo. Ambos são linces com nove anos de idade.

“O parto decorreu de forma normal e Juromenha presta os cuidados adequados às suas novas crias”, informa o ICNF.

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-situ/Arquivo

Juromenha, filha da Biznaga e do Drago, é a primeira fêmea nascida no CNRLI a parir no âmbito do Programa de Conservação Ex Situ do Lince Ibérico.

É também um dos dois primeiros linces-ibéricos criados artificialmente com êxito pela equipa técnica do CNRLI.

Este foi o terceiro parto de Juromenha, fêmea que teve um total de cinco crias até este ano fruto de duas gestações anteriores.

“Com estas três novas crias, Juromenha eleva o seu contributo para a conservação do lince-ibérico para oito crias.”

Crias de lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-situ

Juncabalejo chegou ao CNRLI a 6 de Novembro de 2020, “tendo-se adaptado perfeitamente ao CRNLI e aos seus novos vizinhos e tratadores”.

Filho de Boj e Damán, aquele lince nasceu no Centro de Cría de Lince Ibérico El Acebuche. Foi posteriormente movido para o Centro de Cría de Lince Ibérico Zarza de Granadilla onde foi emparelhado cinco vezes, produzindo um total de 18 crias antes de 2021.

Como ponto alto foi pai com Fábula (em 2016) da segunda ninhada de cinco crias das duas registadas no Programa de Conservação Ex Situ do Lince Ibérico até ao momento (a primeira foi da Fruta e do Drago no CNRLI em 2013). O mais habitual são ninhadas de duas a três crias. Juncabalejo chega assim às 21 crias de lince-ibérico produzidas no Programa.

Cria de lince-ibérico. Foto: Programa ibérico de Conservação Ex-Situ

O primeiro nascimento de 2021 na rede de centros de reprodução desta espécie na Península Ibérica aconteceu a 24 de Fevereiro no Centro de El Acebuche, em Doñana, Andaluzia. A fêmea Medronha deu à luz três crias.

O CNRLI – instalado em Vale Fuzeiros, São Bartolomeu de Messines, Silves – está no centro de um dos maiores esforços de conservação da Europa.

Segundo o censo mais recente, a população de lince-ibérico (Lynx pardinus) está estimada em 894 animais, foi revelado em Outubro passado. Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

A época dos nascimentos no CNRLI é o culminar de um ano de trabalho para a equipa que garante o funcionamento do centro e para os voluntários. O grande objectivo é conseguir crias saudáveis, treiná-las para a liberdade e, meses depois, soltá-las na natureza, para que novas populações de linces voltem aos territórios de onde se extinguiram há décadas.

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.


Já que está aqui…

Ainda vai a tempo para apoiar o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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