Este mês, 4.000 caracóis criados em cativeiro em Inglaterra estão a ser libertados no seu habitat natural nas ilhas Bermudas.
O grande caracol terrestre das Bermudas (Poecilozonites bermudensis) mede cerca de dois centímetros e vive apenas nas ilhas oceânicas remotas das Bermudas.
Esta espécie esteve prestes a extinguir-se por causa da predação por caracóis carnívoros introduzidos naquelas ilhas.
Hoje está classificada como Criticamente Em Perigo de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e estima-se que apenas restem menos de 200 animais na natureza.
A pedido do Governo das Bermudas, conservacionistas, cientistas e especialistas em invertebrados do Chester Zoo e da Zoological Society of London integraram um plano de recuperação para salvar a espécie.
“Este é um animal que tem vivido no planeta há muito tempo e, simplesmente, não estávamos preparados para ficar de braços cruzados a ver o seu desaparecimento para sempre, não quando sabíamos que podíamos dar-lhe uma hipótese”, disse, em comunicado divulgado na passada quinta-feira, Gerardo Garcia, curador do invertebrados no Chester Zoo.
Este caracol é um dos animais endémicos mais antigos das Bermudas.
Ao longo de cerca de um milhão de anos sobreviveu a alterações radicais na paisagem mas, nos anos 1950 e 1960, entrou em rápido declínio. “O seu destino foi ditado, principalmente, por alterações no habitat e pela introdução de várias espécies de caracóis predadores”, explicou Gerardo Garcia.
No início dos anos 1990 pensava-se que estaria extinto até que foram descobertos alguns indivíduos em 2014. Parte desta pequena população foi levada para o Reino Unido para se tentar a sua reprodução em cativeiro.
Nos últimos três anos, os especialistas conseguiram fazer a reprodução deste caracol em cativeiro no Chester Zoo e hoje há uma pequena população. Este mês, 4.000 caracóis foram levados para a sua verdadeira casa nas Bermudas.
Os caracóis foram libertados na Ilha Nonsuch, uma reserva natural escolhida como o local ideal para a reintrodução da espécie, depois de uma cuidadosa avaliação. O acesso à ilha só pode ser feito depois de um período de quarentena, para evitar a introdução de espécies exóticas.
A alguns dos caracóis foi colocado uma minúscula etiqueta fluorescente para permitir aos investigadores monitorizar a sua dispersão, taxas de crescimento, padrões de actividade, tamanho populacional e o sucesso da sua reintrodução na natureza.
Para Gerardo Garcia, “é incrível estar envolvido num projecto que evitou a extinção de uma espécie”.
Durante os próximos meses está prevista uma série de reintroduções de mais caracóis, depois de trabalho de restauro de habitats nas Bermudas.