As duas crias foram detectadas a 22 de Novembro pelos Vigilantes da Natureza na Reserva Natural das Desertas. O lobo-marinho é um dos animais ameaçados de extinção em Portugal.
A população mundial de lobo-marinho (Monachus monachus), também conhecido como foca-monge do Mediterrâneo, é de apenas cerca de 600 animais. Isto faz desta uma das espécies mais ameaçadas a nível mundial.
A maior população fica na costa noroeste de África, na Mauritânia. No arquipélago da Madeira, onde se faz conservação da espécie há mais de 30 anos, vivem entre 25 a 30 lobos-marinhos. Em 1988 apenas restavam seis animais.
Agora, esta população foi reforçada com duas novas crias.
A notícia foi dada ontem pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) da Região Autónoma da Madeira. Os vigilantes da natureza encontraram, a 22 de Novembro, duas fêmeas com crias. Uma na praia aberta que, geralmente, esta espécie utiliza na época de reprodução, e a outra na entrada de uma gruta.
“O IFCN sabe que uma é fêmea, filha da “Fêmea Y”, sendo a outra um macho, filho da “Parêntesis”.”
Por enquanto ainda não se sabe se existem outras crias na população das Desertas. “A dinâmica de lobos-marinhos registada poderá indicar a existência de mais crias, pelo que o trabalho de monitorização do lobo-marinho realizado nas Ilhas Desertas poderá trazer mais novidades num futuro próximo”, adianta o IFCN.
O lobo-marinho das Desertas está a beneficiar de um programa de conservação, o projecto Life Madeira lobo-marinho, que decorre entre 2014 e 2019.
Este projecto passa por elaborar um plano de acção para a conservação do lobo-marinho na Madeira, pela colocação de câmaras de foto-armadilhagem no interior de grutas e seguimento de animais via satélite, pela limpeza de lixo marinho nas praias e grutas usadas pelos animais e pela promoção da rede de informação e emergência da espécie.
O projecto acompanha de perto os animais desta colónia e já conseguiu saber mais sobre a espécie. Foram instaladas 10 câmaras em seis grutas nas Desertas e outras na Madeira, bem como braçadeiras em três lobos-marinhos fêmeas. Isso demonstrou que a espécie é capaz de mergulhar até 400 metros de profundidade e que percorre toda a área à volta das Desertas, da Madeira e do Porto Santo, pelo que é cada vez mais frequente o seu avistamento em áreas balneares.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Apoie o trabalho de conservação do lobo-marinho e, se encontrar um lobo-marinho, registe a data, hora, local, características e comportamento do animal. Se conseguir imagens, tanto melhor. Envie os dados para [email protected] ou contate diretamente para a rede SOS Vida Selvagem do IFCN (961 957 545).
O IFCN deixa seis dicas a não esquecer no caso de observar um lobo-marinho:
- Se vir um lobo-marinho, não se esqueça de que é um animal selvagem. Não é um animal agressivo por natureza mas poderá sê-lo ao sentir-se ameaçado. É curioso e poderá procurar interagir com o que o rodeia.
- No caso de estar no mar, deve-se manter a distância e evitar perturbar os animais, ou se possível sair calmamente para terra.
- Deve-se evitar entrar em grutas que se sabe serem utilizadas por lobos-marinhos.
- Procurar alimentar os lobos-marinhos não é aconselhado.
- No caso de se estar a fazer caça submarina, deve-se libertar do peixe e procurar outro local para a caça.
- O contato com cães, potenciais transmissores de doenças, deverá ser evitado ao máximo.