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As aves a procurar na Lezíria do Tejo

23.01.2018

Gansos selvagens, bandos de milhares de milherangos, águias e corujas estão por estes dias de Inverno nos campos de arroz da Lezíria do Tejo. O correspondente da Wilder sugere o que pode encontrar num dos locais mais importantes do país para as aves migradoras.

 

O estuário do Tejo é umas das principais zonas húmidas da Europa e um dos locais com maior quantidade e diversidade de aves em Portugal. Aqui podemos observar aves comuns e outras mais raras, umas residentes e outras migradoras, tanto no Inverno como na Primavera/Verão.

 

 

Uma das coisas imperdíveis de um passeio na lezíria do Tejo é olhar com atenção para os bandos que percorrem os campos agrícolas à procura de alimento. Desde os grandes gansos até às pequenas alvéolas, tudo poderá aparecer. Este Inverno em particular está a ser rico em gansos, com quatro espécies observadas: o ganso-bravo e três mais raras, o ganso-de-testa-branca, o ganso-pequeno e o ganso-marisco. Contudo estas aves são muito desconfiadas e não permitem grande aproximação.

 

 

Também os milherangos se destacam pela quantidade e nestes dias tenho registado largos milhares de indivíduos. Estes grandes bandos dão sempre um espectáculo quando voam e “bailam” tentando confundir os predadores.

 

 

Nas diversas valas, em particular aquelas com mais densidade de plantas, podemos encontrar rouxinóis, pardais, pintassilgos, milheirinhas, chapins-de-faces-pretas, escrevedeiras-dos-caniços, felosas e piscos. Vale a pena alguns momentos de espera para podermos ver alguma mais de perto. Desta vez apareceu um pequeno pisco-de-peito-ruivo.

 

 

Nas pastagens ali perto as lavercas, cotovias, cartaxos e trigueirões fazem-se ouvir bem alto, como se já estivessem a preparar a Primavera. Os abibes também frequentam estes habitats e junto destes é muito comum encontrar tarambolas-douradas. Os carraceiros andam muitas vezes perto do gado, aproveitando as oportunidades para encontrar alimento mais facilmente.

Um grupo de aves destaca-se no meio da vegetação. Assim que levantam voo facilmente se identificam pelo silvo característico. É um bando de sisões e esse silvo deve-se ao facto de uma das penas primárias ser mais curta.

 

 

Os postes e cercas devem ser sempre observados com atenção, pois nunca sabemos o que poderemos encontrar. Os peneireiros-de-dorso-malhado e os peneireiro-cinzentos caçam activamente nos campos da lezíria, procurando pequenos mamíferos, pequenas aves e insectos. Quando são bem sucedidos usam os postes como local de alimentação, ficando tão distraídos que por vezes nem reparam na nossa presença.

 

 

Por vezes estes postes também servem de local de caça e é comum encontrar aves pousadas a olhar com atenção a área envolvente. Neste caso o poste em causa parecia um pouco maior que os outros. Um pequeno esmerilhão aproveitava o poste para olhar com atenção os diversos bandos de passeriformes que andam nas redondezas. Vendo uma potencial presa, este pequeno falcão voou junto ao solo tentando a sua sorte.

 

 

Já os postes mais altos são locais de excelência para uma rapina de maior porte, a águia-pesqueira que, depois de pescar no rio, procura um local para degustar o peixe. Por vezes estas águias permitem uma maior aproximação e é possível ver de perto as adaptações destas aves que lhe permitem agarrar peixes de forma mais fácil. As grandes garras preparadas para segurar um peixe, as patas com escamas e a protecção da vista.

 

 

Antes do dia terminar é tempo de procurar algumas aves nocturnas, em particular algumas corujas. Encontrei uma coruja-do-nabal, uma rapina nocturna que, por vezes, está bem activa durante o dia. Foi o que aconteceu desta vez. Muito provavelmente, a forte chuva impediu esta ave de caçar na noite anterior e assim tirou algum proveito do excelente dia.

 

 

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