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canoa no rio tejo
Foto: Joana Bourgard/arquivo

Águas do Tejo contaminadas por glifosato, denunciam ambientalistas espanhóis

08.11.2017

O glifosato foi o pesticida detectado com mais frequência em dois rios de Espanha, incluindo o Tejo, alertaram os Ecologistas en Acción, que pedem ao Governo espanhol que apoie a proibição deste químico na União Europeia, na votação desta quinta-feira.

 

A associação espanhola analisou os dados dos programas de controlo de substâncias contaminantes em águas superficiais, realizados pelas confederações hidrográficas em Espanha, em 2016.

Conclusão? Na bacia do Tejo, o glifosato foi o pesticida detectado com mais frequência, encontrado em 263 das 421 amostras analisadas, com concentrações de 0,05 a 7,4 microgramas por litro.

Este químico é um dos componentes do herbicida Roundup, comercializado pela multinacional Monsanto. Em 2015, a Organização Mundial de Saúde concluiu que é um provável cancerígeno para os seres humanos.

Em Espanha, o glifosato é também o pesticida mais frequente no rio Júcar, que desagua no Mediterrâneo, e o segundo com maior presença nas águas fluviais do País Basco.

“Muitas das amostras ultrapassam os limites autorizados para a presença de pesticidas nas águas de consumo humano”, de 0,1 microgramas por litro, adiantam os ambientalistas, numa nota divulgada.

Apesar de ser o herbicida mais utilizado em Espanha, a presença de glifosato nas águas fluviais foi analisada por apenas seis dos 10 organismos gestores de bacias hidrográficas que enviaram dados aos Ecologistas en Acción.

A associação lembra ainda que um estudo recente realizado em terrenos agrícolas de 11 países europeus detectou glifosato e metabolito em 25% e 40% dos solos analisados em Espanha, respectivamente.

“As concentrações de glifosato detectadas em Espanha são das mais altas da Europa”, sublinha. Nesse estudo, Portugal foi o país europeu onde foram detectados níveis mais elevados de glifosato, com a presença deste produto em 53% dos solos analisados.

Esta quinta-feira, dia 9 de Novembro, os Estados-membros europeus vão votar se prolongam a autorização de uso deste herbicida e por quanto tempo, depois de não terem conseguido chegar a acordo quanto à extensão da licença por mais 10 anos.

Há duas semanas, os deputados do Parlamento Europeu pediram que Bruxelas não aprove o prolongamento por mais uma década. Numa resolução não vinculativa, defendem restrições ao uso do químico a partir de 2018 e uma proibição total até 2022.

Em Portugal, o uso de herbicidas e pesticidas em espaço público, incluindo o glifosato, está proibida por lei desde o início deste ano. São permitidas excepções, todavia, desde que autorizadas pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, no caso de combate a pragas.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Conheça a Iniciativa Europeia de Cidadãos contra o glifosato, lançada no início deste ano por mais de 100 organizações, cuja petição tem agora mais de 1,3 milhões de assinaturas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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