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Voluntários retiram 300 quilos de lixo do rio Paiva

13.09.2017

Cerca de 300 quilos de lixo foram retirados das margens do rio Paiva em Castelo de Paiva, Arouca e Castro Daire por dezenas de voluntários, que se juntaram numa campanha de limpeza a 9 de Setembro, revelou hoje a associação S.O.S. Rio Paiva.

 

A recolha do lixo aconteceu nas praias de Espiunca (Arouca), Várzea e Retorta (Castelo de Paiva) e Folgosa (Castro Daire), numa iniciativa organizada pela S.O.S. Rio Paiva – Associação de Defesa do Vale do Paiva e que contou com a ajuda de militares do SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza da GNR) dos Destacamentos Territoriais de Oliveira de Azeméis e de Viseu. A campanha, onde participaram pessoas de todas as idades, contou com o apoio das autarquias que disponibilizaram veículos para a remoção do lixo.

Segundo a associação, a campanha “Vamos Limpar o Rio Paiva” evitou “que o lixo deixado nas margens do rio fosse arrastado pelas correntes após as primeiras chuvas” e “contribuiu para minimizar a poluição dos solos e a contaminação da água do Rio Paiva, sensibilizando a população para a importância de não deixar resíduos espalhados nas margens dos rios”.

Na praia da Folgosa o SEPNA utilizou um kayak para remover plásticos e embalagens em locais de difícil acesso ou que se encontravam na água. “Na Espiunca (Arouca) foram detectadas algumas situações ilegais junto à entrada dos Passadiços do Paiva, que foram devidamente encaminhadas para as autoridades competentes.”

O rio Paiva, com cerca de 110 quilómetros de extensão, nasce no planalto da Nave, na Serra de Leomil, no concelho de Moimenta da Beira a cerca de 1.000 metros de altitude e desagua em Castelo de Paiva, na margem esquerda do rio Douro.

Uma área de 14.562 hectares está classificada como Sítio de Interesse Comunitário (SIC) porque aí existe uma grande diversidade de espécies, habitats e ecossistemas, alguns dos quais considerados prioritários a nível europeu.

A associação destaca a vegetação ripícola, com bosques de amieiros (Alnus glutinosa) e freixos (Fraxinus excelsior) formando galeria, frequentemente ladeada por carvalhais de carvalho-alvarinho (Quercus robur). “A diversidade florística é considerável e assinala-se a ocorrência de Narcissus bulbocodium, Narcissus triandrus, Ruscus aculeatus e Anarrhinum longipedicellatum (endemismo lusitano) – espécies com medidas de protecção a nível europeu”.

Entre a fauna, a S.O.S. Rio Paiva salienta a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), a lontra (Lutra lutra), o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitânica), a rã-ibérica (Rana iberica) e o tritão-marmorado (Triturus marmoratus). Merecem ainda destaque a presença de algumas espécies piscícolas endémicas, como a boga (Chondrostoma polylepis), e a ocorrência de uma das raras populações de mexilhão-do-rio (Margaritifera margaritifera).

Estão também presentes mamíferos como a raposa (Vulpes vulpes), o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), o javali (Sus scrofa) e o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). No caso do lobo (Canis lupus), constitui uma importante zona de passagem entre as Serras de Montemuro, Freita/Arada e Lapa/Leomil.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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