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2016 bate recorde com 200 ambientalistas assassinados no mundo

13.07.2017

Durante 2016 pelo menos 200 pessoas foram assassinadas por defenderem o Ambiente, revela hoje a organização Global Witness. O ano passado foi o pior de sempre, alerta.

 

Feitas as contas são quase quatro pessoas mortas por semana ao longo de 2016 por protegerem a sua terra, florestas e rios de actividades mineiras, abate de árvores e exploração agrícola industrial, revelou o novo relatório da Global Witness, “Defensores da Terra”.

Este número representa um aumento em relação às mortes registadas em 2015, que foi de 185. O mesmo acontece se olharmos para o número de países onde estas ocorreram. Em 2015 foram 16 países e em 2016 esse número subiu para 24. A América Latina continua a ser a região mais afectada, com 60% dos assassinatos.

 

Alan García sobreviveu a um disparo por um militar nas Honduras, durante um protest contra a barragem Agua Zarca. Foto: Giles Clarke

 

“O assassinato é o culminar de uma série de táticas usadas para silenciar os defensores do Ambiente, desde ameaças de morte, detenções, raptos, violações e ataques legais agressivos”, denuncia a organização em comunicado.

No ano passado, os países que registaram mais mortes foram o Brasil (49), a Colômbia (37), Filipinas (28), Índia (16) e Honduras (14). Esta lista negra inclui ainda outros países, como a República Democrática do Congo, Nicarágua, Irão, México, Bangladesh e Guatemala.

“Eles ameaçam-te para que te cales”, contou Jakeline Romero, activista colombiana, à Global Witness. “Não me consigo calar. Não me posso calar perante o que está a acontecer ao meu povo. Estamos a lutar pelas nossas terras, pela nossa água, pelas nossas vidas.” Romero protesta contra os impactos da maior mina a céu aberto da América Latina, El Cerrejón, que tem obrigado populações a abandonar as suas casas e causado cortes de água.

 

Povoação afectada pela exploração mineira em Chhattisgarh, na Índia. Foto: Ravi Mishra/Global Witness

 

“A batalha pelo planeta está a intensificar-se rapidamente”, diz Ben Leather, da Global Witness.

Quase 40% das pessoas que perderam a vida são de povos indígenas a quem empresas, proprietários e outros agentes tiraram a terra onde viviam há várias gerações.

A indústria mineira é a actividade mais perigosa, com pelo menos 33 mortes ligadas a este sector. A extracção madeireira registou um aumento de 15 para 23 mortes num ano. O sector agroindustrial registou também 23 mortes.

Também proteger parques nacionais se tornou numa profissão de risco. Pelo menos nove guardas foram assassinados no ano passado na República Democrática do Congo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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