A associação de conservação da natureza Quercus anunciou nesta quarta-feira que se vai juntar ao movimento de cidadãos que quer travar o projecto de exploração mineira na Serra da Argemela, nos concelhos do Fundão e Covilhã (distrito de Castelo Branco).
Segundo a Quercus, este projecto “coloca em causa o desenvolvimento sustentado desta região, o Ambiente e a saúde das populações”, diz um comunicado de 24 de Maio.
Esta associação alerta que se trata de um projecto de exploração e tratamento de depósitos de minerais a céu aberto – como o lítio, o volfrâmio, o cobre ou o chumbo – numa área com 403 hectares.
A “eventual exploração situa-se a poucas centenas de metros da margem do rio Zêzere e de várias povoações e, caso avançasse, teria um impacte muito significativo no Ambiente e na qualidade de vida das populações envolventes”, escreve a Quercus em comunicado. A associação alerta para um “risco muito elevado de contaminação das águas do rio Zêzere, dos solos, da paisagem e do ar”.
Porque se trata de uma exploração a céu aberto há o perigo de o regime de ventos daquela zona de montanha dispersar as poeiras por dezenas de quilómetros, afectando a qualidade do ar e a agricultura, a saúde e o turismo.
Já foi criada uma plataforma de defesa da Serra da Argemela por populações, autarcas e empresários do sector do turismo e agricultura que, segundo a Quercus, “se sentem afectados e prejudicados com a possibilidade de avanço da exploração mineira”. Agora, a Quercus anuncia que “usará todos os seus meios para travar este projecto”.
Neste momento decorre uma petição pública pela “preservação da serra da Argemela contra a extracção mineira”, lançada pela população da localidade de Barco e dirigida aos ministros do Ambiente, João Matos Fernandes, e ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. Actualmente com quase 2.000 assinaturas, a petição lembra que a área alvo de exploração engloba praticamente toda a encosta Norte da Serra, “onde todo um ecossistema se encontra preservado”, havendo ainda áreas de cultivo privadas, com olival, onde alguma população pratica agricultura de subsistência.
“As minas a céu aberto alteram a paisagem, destroem linhas de água em profundidade, contaminam os lençóis freáticos, colocam em risco a fauna e a flora, danificam caminhos e estradas e, neste caso específico, lançam na atmosfera poeiras e resíduos perigosos para a saúde humana e para os solos resíduos químicos derivados das fases de lavagem, decantação, peneiragem e secagem (facto que se torna ainda mais grave pela proximidade do Rio Zêzere e da aldeia de Barco).”
A 2 de Março deste ano, o deputado do Grupo Parlamentar Os Verdes, José Luís Ferreira, entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo, através do Ministério da Economia, sobre o contrato de prospeção e pesquisa de depósitos minerais na Serra da Argemela. No mesmo dia, dezenas de pessoas concentraram-se na localidade de Barco e pediram a preservação da Serra da Argemela.
Ainda em Março, a Câmara da Covilhã aprovou uma moção de protesto contra a exploração mineira naquela.