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Fogos de Primavera estão a ameaçar espécies e habitats da Cantábria

24.04.2017

A vaga de incêndios que tem atingido as Astúrias, Cantábria, Leão e Galiza terá “graves consequências” para a reprodução de muitas espécies e para os ecossistemas, alertou hoje a organização SEO/BirdLife.

 

Os incêndios destes dias têm sido mais graves nas Astúrias. Aqui, segundo a Sociedade de Ornitologia Espanhola, têm sido “afectadas áreas protegidas de alto valor ecológico, como os parques naturais de Somiedo o Ponga, a Reserva de Muniellos e zonas próximas do Parque Nacional dos Picos de Europa”.

Acontece que estes incêndios surgem em plena época de reprodução de muitas espécies, como o tartaranhão-azulado, o cartaxo-comum e o papa-amoras. “O fogo está a matar as crias de muitas espécies de aves que estão em pleno período reprodutor. Ainda que os pais possam fugir das chamas, o impacto é muito grave, já que não só morrem as crias queimadas nos ninhos como também os adultos ficam sem locais para tentar realizar nova postura e sem zonas de refúgio ou alimentação”, escreve a SEO/BirdLife em comunicado.

O fogo afecta ainda numerosas espécies de invertebrados polinizadores, como abelhas, escaravelhos ou borboletas.

Segundo esta organização, há determinadas zonas de urso-pardo da Cordilheira Cantábrica que também estão a ser fustigadas pelas chamas, “numa época crítica para os ursos”.

De acordo com os dados do Ministério espanhol do Ambiente, citados pela agência de notícias espanhola EuropaPress, de 1 de Janeiro a 31 de Março arderam 11.593 hectares em Espanha.

“Os incêndios recorrentes durante a Primavera nestes ecossistemas significam um grave desastre ambiental”, diz Nicolás López, responsável de Espécies Ameaçadas na SEO/BirdLife. “Nesta época tão crítica para a reprodução de muitas espécies é quando os incêndios são mais nefastos”, acrescenta, lembrando a eliminação de futuras gerações de muitas espécies.

Quanto aos ecossistemas, a organização salienta a “grave erosão” em terrenos com algum declive e o “empobrecimento dos solos”. “Os materiais arrastados nos dias após os incêndios, quando começar a chover, acabarão nos rios, provocando também graves consequências para as populações de peixes e na restante fauna de rios e ribeiras.”

Os vários focos de incêndio dos últimos dias ameaçam ainda a vida de muitos bombeiros que combatem as chamas, lembra Nicolás López.

A organização pede a colaboração dos cidadãos com as equipas de investigação sobre a origem dos incêndios, “para que se determine a responsabilidade legais dos presumíveis autores”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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