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Castor oficialmente reconhecido como espécie nativa no Reino Unido

02.12.2016

O Governo britânico reconheceu, oficialmente, o castor como espécie nativa do Reino Unido, 400 anos depois de ter sido caçado até à extinção. Agora, as duas populações que vivem na Escócia passam a estar protegidas.

 

O anúncio foi feito pela secretária do Ambiente escocesa, Roseanna Cunningham, a 24 de Novembro. O castor (Castor fiber) será incluído na lista das espécies protegidas da Escócia “o mais depressa possível”, segundo um comunicado do governo escocês. “Será a primeira vez que um mamífero é oficialmente reintroduzido no Reino Unido”, salienta ainda.

Os castores eram nativos na Escócia até serem caçados até à extinção no século XVI. Na última década, dezenas de castores com origem norueguesa foram libertados na natureza de forma ilegal ou escaparam de propriedades privadas e hoje existem duas populações de castores, ambas na Escócia, mais concretamente em Argyll e Tayside.

Depois de anos de debate, as autoridades chegaram à conclusão que estes animais não devem ser eliminados mas sim protegidos. Aliás, poderão mesmo expandir a sua área de distribuição, de forma natural. Mas qualquer libertação de castores que não tenha autorização será punida por lei.

Ainda assim, acrescenta o governo, os castores terão de ser “activamente geridos para minimizar os impactos adversos nos agricultores e outros proprietários de terras”. Os impactos das duas populações de castores têm sido estudados pelo Scottish Natural Heritage e vários cientistas. “Estou determinada em encontrar uma abordagem pragmática, que equilibre os benefícios para a biodiversidade da reintrodução de castores com a óbvia necessidade de limitar as dificuldades para os nossos agricultores”, acrescentou Roseanna Cunningham. A responsável lembrou que os castores promovem a biodiversidade ao “criar novos lagos e zonas húmidas, habitats valiosos para muitas outras espécies”, como as lontras, libélulas e várias espécies de peixes.

Em Fevereiro deste ano, cientistas da Universidade de Stirling concluíram que os castores estão a ajudar a recuperar rios e a travar picos de cheia.

O anúncio oficial foi imediatamente saudado pelas duas entidades que lideraram os esforços pela protecção dos castores na Escócia, a Royal Zoological Society of Scotland (RZSS) e o Scottish Wildlife Trust. Este anúncio “é um enorme sucesso na história da conservação e o culminar de quase duas décadas de trabalho”, escreveu a RZSS em comunicado. Ainda assim, no entender desta organização, para que a espécie possa regressar a territórios que já foram seus, serão necessárias devoluções à natureza nos próximos anos.

“Criar um plano de gestão claro e abrangente para esta espécie será uma das nossas prioridades”, disse Barbara Smith, directora-executiva da RZSS.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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