O Governo britânico reconheceu, oficialmente, o castor como espécie nativa do Reino Unido, 400 anos depois de ter sido caçado até à extinção. Agora, as duas populações que vivem na Escócia passam a estar protegidas.
O anúncio foi feito pela secretária do Ambiente escocesa, Roseanna Cunningham, a 24 de Novembro. O castor (Castor fiber) será incluído na lista das espécies protegidas da Escócia “o mais depressa possível”, segundo um comunicado do governo escocês. “Será a primeira vez que um mamífero é oficialmente reintroduzido no Reino Unido”, salienta ainda.
Os castores eram nativos na Escócia até serem caçados até à extinção no século XVI. Na última década, dezenas de castores com origem norueguesa foram libertados na natureza de forma ilegal ou escaparam de propriedades privadas e hoje existem duas populações de castores, ambas na Escócia, mais concretamente em Argyll e Tayside.
Depois de anos de debate, as autoridades chegaram à conclusão que estes animais não devem ser eliminados mas sim protegidos. Aliás, poderão mesmo expandir a sua área de distribuição, de forma natural. Mas qualquer libertação de castores que não tenha autorização será punida por lei.
Ainda assim, acrescenta o governo, os castores terão de ser “activamente geridos para minimizar os impactos adversos nos agricultores e outros proprietários de terras”. Os impactos das duas populações de castores têm sido estudados pelo Scottish Natural Heritage e vários cientistas. “Estou determinada em encontrar uma abordagem pragmática, que equilibre os benefícios para a biodiversidade da reintrodução de castores com a óbvia necessidade de limitar as dificuldades para os nossos agricultores”, acrescentou Roseanna Cunningham. A responsável lembrou que os castores promovem a biodiversidade ao “criar novos lagos e zonas húmidas, habitats valiosos para muitas outras espécies”, como as lontras, libélulas e várias espécies de peixes.
Em Fevereiro deste ano, cientistas da Universidade de Stirling concluíram que os castores estão a ajudar a recuperar rios e a travar picos de cheia.
O anúncio oficial foi imediatamente saudado pelas duas entidades que lideraram os esforços pela protecção dos castores na Escócia, a Royal Zoological Society of Scotland (RZSS) e o Scottish Wildlife Trust. Este anúncio “é um enorme sucesso na história da conservação e o culminar de quase duas décadas de trabalho”, escreveu a RZSS em comunicado. Ainda assim, no entender desta organização, para que a espécie possa regressar a territórios que já foram seus, serão necessárias devoluções à natureza nos próximos anos.
“Criar um plano de gestão claro e abrangente para esta espécie será uma das nossas prioridades”, disse Barbara Smith, directora-executiva da RZSS.