Entre Outubro de 2015 e Maio de 2016, mais de 3.000 portugueses de todas as idades percorreram o litoral e vestiram a camisola de “vigilantes da costa”. Conheça os resultados do 26º Coastwatch.
Durante nove meses, os areais do país foram patrulhados por 250 cidadãos a título individual e 2.500 estudantes, desde o 1º ciclo do ensino básico ao secundário, e 250 professores vindos de 50 escolas. No final, 10% do território costeiro português foi passado a pente fino.
Hoje começaram a ser divulgados os resultados do Coastwatch 2015/2016, um projecto realizado em 23 países e que em Portugal é coordenado pelo GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente). O desafio é caracterizar o estado de conservação da biodiversidade e as pressões a que o litoral está sujeito.
“Muito lixo, erosão e pressão urbanística foram os principais problemas identificados”, segundo um comunicado do GEOTA.
Naqueles nove meses foram registadas 9.474 garrafas de plástico, 4.979 tampas de garrafas, 2.662 garrafas de vidro, 2.395 sacos de plástico para compras, 1.350 latas metálicas e outro tipo de lixo, como cápsulas de café, tinteiros de impressoras, fios, redes, cordas, restos de artes de pesca e esferovites. Os voluntários também registaram seis golfinhos mortos e 87 aves mortas.
Além do lixo, os participantes no Coastwatch denunciaram como problemas a erosão da costa, a pressão turística e a impermeabilização dos solos devido às construções.
Os resultados nacionais estão a ser apresentados e debatidos hoje e amanhã num seminário sobre rios e zonas costeiras, um evento a decorrer no Parque Biológico de Gaia. “Estamos em Gaia porque precisamos de mais cidadãos e cidadãs a cuidar do litoral nortenho”, comentou Marlene Marques, presidente do GEOTA, em comunicado. “Já há demasiado betão no Douro e nos seus afluentes. Basta de artificialização dos nossos rios”, defendeu.
Para Teresa Lemos, coordenadora nacional do Coastwatch, quando as pessoas “participam ficam a conhecer melhor o litoral e tornam-se seus guardiões”.