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“The Outrun” vence prémio britânico de literatura de natureza

08.08.2016

O livro de estreia da escritora escocesa Amy Liptrot, “The Outrun”, venceu na sexta-feira à noite a 3ª edição do prémio literário britânico Wainwright Prize, que distingue os melhores livros de nature writing ingleses.

 

Quando “The Outrun” foi publicado, a 14 de Janeiro pela editora Canongate, muitos disseram que este tinha tudo para ser o melhor livro de nature writing inglês de 2016. A 5 de Agosto o júri do prémio elegeu-o como o grande vencedor, num evento organizado pela revista BBC Countryfile em Blenheim Palace, Oxfordshire, no sudeste de Inglaterra.

 

O livro conta a história da própria autora. Durante mais de 10 anos Amy Liptrot esteve longe da sua terra natal, as ilhas Orkney, no Mar do Norte ao largo da Escócia. Uma vez de volta, Amy revive memórias da quinta onde viveu em criança, do ciclo das estações e da doença neurológica do pai. Mas veio uma pessoa diferente. A década passada em Londres mergulhou-a num ciclo hedonista. Sem se conseguir controlar, o vício do álcool tomou-lhe conta da vida. De volta a Orkney, com 30 anos, Amy sente-se à beira do precipício e tenta lidar com o peso dos seus problemas. Passando as manhãs a nadar nas águas frias do Mar do Norte, os dias à procura da vida selvagem de Orkney – os papagaios-do-mar a nidificar em penhascos no mar, as andorinhas-do-mar-árcticas em voos rasantes o suficiente para sentir as suas asas – e as noites à procura das estrelas no céu, Amy inicia, lentamente, a sua viagem de recuperação. Este é um livro sobre o que é viver no limite, sobre as distâncias entre a grande cidade e a ilha e sobre a capacidade da natureza em renovar a esperança.

“O nosso vencedor, “The Outrun”, de Amy Liptrot, é um livro corajoso e intensamente honesto”, comentou Fiona Reynolds, representante do júri, em comunicado. “Amy descobre-se a ela própria e o seu caminho para a liberdade através da natureza, incluindo a sua dureza, força de vontade e honestidade”, acrescenta. “Amy é uma voz inesquecível (…) e a sua prosa é forte e doce ao mesmo tempo.”

Segundo o júri, “The Outrun” foi uma escolha unânime, apesar da lista de seis livros “extraordinários” que salientam “o ressurgimento da literatura de natureza e de viagens no Reino Unido”. As outras obras a concurso eram “Common Ground”, de Rob Cowen; “The Fish Ladder”, de Katharine Norbury; “A Shepherd’s Life”, de James Rebank; “Landmarks”, de Robert Macfarlane; e “The Moth Snowstorm”, de Michael McCarthy.

O primeiro lugar ganha cerca de 7.000 euros, neste prémio concedido pelas livrarias Stanfords, em parceria com o National Trust e com financiamento da Wainwright Golden Beer, que pretende distinguir os melhores livros no reino Unido sobre natureza e literatura de viagens.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

O vencedor do ano passado foi “Meadowland”, de John Lewis-Stempel. A primeira edição do prémio, em 2014, escolheu como vencedor “The Green Road into Trees: a walk through England”, de Hugh Thomson.

 

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Pode ler aqui um excerto do livro “The Outrun”, em inglês.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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