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Musaranho de Ricardo Lima é uma das espécies nas novas notas de São Tomé e Príncipe

09.02.2018

Desde 1 de Janeiro que circula em São Tomé e Príncipe uma nova família de notas e moedas dedicada à biodiversidade do país. Uma das imagens escolhidas é uma fotografia de um musaranho de São Tomé do biólogo português Ricardo Lima.

 

Todas as notas têm uma borboleta num dos versos e, no outro, uma espécie típica de São Tomé. E na nota de cinco dobras – o equivalente a cerca de 20 cêntimos de Euro – a espécie retratada é o musaranho de São Tomé (Crocidura thomensis), através de uma fotografia da autoria de Ricardo Lima, investigador de pós-doutoramento no cE3c – Centro para a Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, segundo um comunicado desta instituição.

“Muito poucas pessoas já viram esta espécie, mas apesar disso ela tem um nome local: chininha”, explica Ricardo Lima, no comunicado.

O musaranho de São Tomé é o único mamífero terrestre nativo de São Tomé. Além disso só existe nessa ilha, onde tem uma distribuição muito restrita, estando classificado como Em Perigo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Apesar de parecer um roedor, o musaranho de São Tomé é um insectívoro, “tal como os murasanhos ou o ouriço-cacheiro que temos em Portugal”, acrescentou Ricardo Lima.

Dado existirem poucas imagens de espécies endémicas de São Tomé e Príncipe, a empresa encarregue de criar as novas notas e moedas teve de pesquisar imagens caso a caso e contactar os seus autores individualmente. Foi assim que chegaram a Ricardo Lima, através dos registos fotográficos e em vídeo desta espécie que publicou no ARKive (disponíveis aqui), uma iniciativa online que visa tornar disponíveis imagens e vídeos da biodiversidade existente no nosso planeta.

“Foi uma sorte ter feito estes registos, porque só encontrei esta espécie por acaso, enquanto estava a fazer contagens de aves e de árvores na floresta de montanha, ainda durante o meu doutoramento”, recordou. “Depois já a encontrei mais uma série de vezes, mas nem sempre dá para tirar fotos ou sequer levar a câmara, porque a floresta é tão húmida que muito facilmente pode estragar qualquer aparelho eletrónico”.

A reforma monetária na qual se insere esta nova coleção de notas e moedas está a cargo do Banco Central de São Tomé e Príncipe.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

A brochura com a apresentação das várias notas e moedas está disponível aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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