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Raquel Gaspar, durante uma acção de limpeza. Foto: João Augusto

Campanha de limpeza do Sado vence galardão dos Green Project Awards

12.01.2018

A campanha “Mariscar SEM Lixo”, para limpar o Estuário do Sado, venceu a categoria “Iniciativa de Mobilização” da 10ª Edição do Green Project Awards 2017 (GPA), foi hoje anunciado numa cerimónia no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

 

O projecto “Mariscar SEM Lixo”, implementado pela Ocean Alive desde Março de 2016, já envolveu na limpeza do estuário mais de 2.000 voluntários. Estes recolheram cerca de 30 toneladas de lixo e 36.667 embalagens de sal. Além disso, ajudou a sensibilizar mais de 1.800 mariscadores.

A campanha quer limpar o Estuário do Sado, sítio da Rede Natura 2000 e casa da única população de golfinhos residente no nosso país. O grande objectivo é retirar o lixo marinho do Estuário do Sado, envolvendo a sociedade, e acabar com o mau hábito dos mariscadores do lingueirão e do casulo em deixar as embalagens de sal na maré.

É durante a maré baixa que centenas de mariscadores apanham o lingueirão deitando sal fino para as suas tocas. Como este animal tem uma concha muito sensível às perturbações de salinidade e temperatura, rapidamente emerge à superfície da areia e é apanhado.

No entanto, “uma parte dos mariscadores do lingueirão deixa as embalagens de plástico de sal vazias na beira-mar”, diz a Ocean Alive. Esta estima que cada mariscador profissional utilize cerca de 10 embalagens por maré.

Com o tempo, as embalagens vão-se deteriorar e transformar-se em pequenas partículas de plástico que acumulam poluentes tóxicos e que acabam por ser ingeridas por peixes, mariscos e golfinhos. Estas partículas – que vão persistir durante décadas ou séculos – “poderão ferir, asfixiar, causar úlceras ou a morte de animais marinhos”, salienta a Ocean Alive. Além disso, “parte das embalagens vem dar às praias de Setúbal, Tróia e Arrábida, constituindo também um risco para a saúde pública”.

Além do “Mariscar SEM Lixo”, os Green Project Awards distinguiram com uma menção honrosa na categoria “Iniciativa de Mobilização” a LIPOR, com o projeto Geração +.

O vencedor do ano passado nesta categoria foi a Campanha Ocean Action (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental – Universidade do Porto). Este projecto, financiado pela EEA Grants (European Economic Area Grants), existe para aumentar o conhecimento sobre o oceano e impacto da poluição e para promover a conservação do ecossistema marinho junto dos cidadãos e das escolas.

Este ano, além desta categoria, os GPA distinguiram projectos em outras oito categorias: “Agricultura”, “Cidades e Mobilidade Sustentáveis”, “Gestão Eficiente de Recursos”, “Indústria 4.0 – Transformação Digital”, “Iniciativa Jovem”, “Investigação e Desenvolvimento”, “Mar” e “Turismo”.

Pedro Cunha Serra, especialista em recursos hídricos, e Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas, receberam o Prémio Especial Carreira pela Sustentabilidade, por nomeação direta do Ministro do Ambiente e do Presidente da Câmara do Porto.

 

O GPA é uma plataforma multissetorial que promove as boas práticas e a discussão pública para a sustentabilidade, distinguindo as entidades nacionais que se destacam pelo seu contributo para o Desenvolvimento Sustentável de Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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