Vespa asiática. Foto: Gilles San Martin/Wiki Commons

O que devemos fazer se encontrarmos uma vespa-asiática?

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Estão a aumentar os encontros com vespas-asiáticas, que estão mais activas nesta altura do ano. A Wilder pediu ajuda à especialista Maria João Verdasca, investigadora na Universidade de Lisboa, que explica o que pode fazer nestes casos.

Há mais vespas-asiáticas nesta altura do ano? 

Sim, é nesta altura pelo final do verão, princípio do outono, que os ninhos da vespa-asiática atingem a sua capacidade máxima, sendo que cada ninho pode atingir vários milhares de vespas. A partir de agora começam a surgir os machos e fêmeas reprodutoras, sendo nesta época do ano que ocorre o acasalamento.

Se encontrarmos uma vespa grande, como podemos ver se é asiática? E o que é mais aconselhável fazer? 

A vespa-asiática (Vespa velutina) é uma espécie que se identifica bastante bem por ter as patas amarelas e o corpo bastante escuro com um segmento laranja no abdómen. A espécie mais parecida com ela em Portugal é a vespa-europeia (Vespa crabro), que apresenta uma coloração mais amarelada, tem as patas pretas e é ligeiramente maior do que a vespa-asiática.

Todos os avistamentos de ninhos ou das próprias vespas devem ser reportados no portal stopvespa.icnf.pt, onde é possível fazer a georreferenciação da ocorrência, ou então ligar para a linha SOS AMBIENTE (808 200 520) e neste caso o observador será informado do procedimento a seguir para a efetiva comunicação da suspeita. O reporte desta informação é importante para que as autoridades competentes possam planear melhor as estratégias de prevenção e combate a esta invasora.

Os ninhos devem sempre ser eliminados por equipas especializadas que, mediante o local onde este se encontra estabelecido, avaliarão qual a melhor técnica a aplicar na sua destruição. Estando uma vespa asiática isolada, ela não é mais agressiva do que vespa europeia, e não tenderá a atacar se não for incomodada. Se alguma vespa isolada entrar em casa e não havendo condições para a eliminar em segurança, deverá aguardar-se que a mesma volte a sair, reportando depois a ocorrência no portal do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). 

Vespa-asiática (Vespa velutina). Foto: Ksarasola/Wiki Commons

Se depararmos com uma vespa-asiática, isso significa que há um ninho ali ao pé? Ou pode ainda estar longe?

O mais provável é haver um ninho nas imediações e neste caso estamos a falar de cerca de dois quilómetros. Há vespas que têm uma grande capacidade de dispersão, é certo, mas a grande maioria irá alimentar-se neste raio em torno do seu ninho. As presas que são capturadas não são para alimentar as próprias vespas adultas, mas sim as suas larvas carnívoras que se encontram em criação no ninho.

Vale a pena notificar o avistamento de apenas uma vespa-asiática isolada?

Tanto os ninhos como as vespas isoladas devem ser reportados no portal do ICNF para que se possa monitorizar o avanço da espécie. No entanto, as autoridades competentes só intervirão no caso dos ninhos. Mas o registo da informação é importante. Se aparecerem registos de vespas em zonas ainda não invadidas, por exemplo, poderá querer dizer que haverá ninhos ali perto e convém monitorizar essa situação, numa tentativa de controlar a expansão rápida da espécie.

Os ninhos são fáceis de ver? E de ouvir? Podem ser confundidos com ninhos de outras espécies?

Apesar do seu enorme tamanho (60-80cm, por vezes mais), os ninhos são bastante difíceis de serem vistos por entre a folhagem das árvores para quem não tiver o olho mais atento ou treinado. Por vezes só no final do outono, quando as folhas começam a cair, é que se descobre o sítio. Se uma vespa for avistada a transportar a sua presa para o ninho, observar a direção que leva pode ser importante para ajudar a localizá-lo. Olhando para uma mancha de vegetação, o ideal é tentar descobrir uma coloração castanha-clara no meio do verde. Os ninhos de vespa asiática distinguem-se dos da vespa-crabro por apresentam uma entrada lateral em vez de no fundo do ninho.

Ninho de vespa-asiática. Foto: Père Igor/Wiki Commons

Estas vespas, além das árvores, podem fazer ninhos em telhados de prédios? E se sim, sabe-se de que forma?

A vespa asiática é uma espécie que se adapta bem em ambientes urbanos. Os ninhos não se encontram só no topo das árvores, também é possível encontrá-los no solo, em muros, telheiros, alpendres, varandas, barracões, pelo que o contacto com as pessoas é uma realidade e todos os anos há pessoas que são picadas. A verdade é que as infraestruturas humanas conferem alguma proteção ao estabelecimento dos ninhos, por serem zonas mais abrigadas da chuva e vento. 


Saiba mais.

Recorde aqui o trabalho de investigação que Maria João Verdasca, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, está a fazer sobre a vespa-asiática em Portugal.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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