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Doze meses de Natureza em Portugal

08.01.2016

António Heitor passou grande parte de 2015 à descoberta da natureza em Portugal. Entre linces, águias, abutres, camaleões e rolas-do-mar, estas são as espécies que tão depressa não vai esquecer.

 

 

O ano começou no estuário do Tejo e nas primeiras saídas de Inverno não faltaram as garças, colhereiros, íbis, maçaricos e patos. Ainda em Janeiro, uma participação no censo de águia-pesqueira (Pandion haliaetus), no estuário do Sado. Os enormes bandos de flamingos (Phoenicopterus roseus) e de íbis-pretas (Plegadis falcinellus) deram ânimo ao dia, que terminou nos arrozais da Carrasqueira a contar bandos de ostraceiros.

 

 

Não posso deixar de salientar a possibilidade que me foi dada de participar na libertação de dois linces-ibéricos no cercado em Mértola. Foi sem dúvida um dia para não esquecer, que terminou na planície de Castro Verde à procura de grous que ali passam o Inverno.

 

 

Em Março, outro censo. Desta vez de águia-imperial. Por esta altura, outro momento alto: tive a sorte de estar presente com dois amigos no regresso do abutre-negro (Aegypius monachus) ao Baixo Alentejo, onde a ave já não nidificava há 40 anos. Os montados do Sul do país mostraram-me ainda grandes rapinas, uma raposa “despreocupada” sentada à beira da estrada e um pequeno mocho-galego (Athene noctua), ave que, nesta época do ano, é fácil de encontrar mesmo durante o dia.

 

 

A Primavera de 2015 foi próspera em boas observações. A calhandrinha-comum, (Calandrella brachydactyla), a alvéola-amarela (Motacilla flava), o pintarroxo (Carduelis cannabina) e o galeirão (Fulica atra) foram imagens comuns, mas uma fêmea de pato-de-bico-vermelho (Netta rufina) com crias foi a imagem do início da estação.

 

 

Na Páscoa, uma visita a Melgaço deu-me oportunidade de passar algum tempo na horta da minha Tia Clara atrás do chapim-real (Parus major), chapim-azul (Parus caeruleus), da toutinegra-de-barrete-preto (Sylvia melanocephala) e de uma tordeia (Turdus viscivorus) que fazia ninho ali perto. Na Serra da Peneda, o chapim-carvoeiro (Parus ater), a trepadeira-azul (Sitta europea) e a cia (Emberiza cia) foram as espécies mais vistas naquelas serranias.

 

 

De volta ao Estuário do Tejo, a Primavera trouxe-me o milhafre-preto (Milvus migrans), o pernilongo (Himantopus himantopus), o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) e o alfaiate (Recurvirostra avosetta).

 

 

No entanto foram as imagens de perdiz-do-mar (Glareola pratincola) aquelas que não posso deixar de salientar, pois consegui fotografá-las pousadas, em voo, a alimentar-se e simplesmente a descansar.

 

 

Assim que o calor começou a apertar, fui até Montalvão à procura de grandes rapinas. Encontrar abutres a alimenta-se é uma bela oportunidade de ver de perto estes grandes planadores. O abutre-negro e o grifo (Gyps fulvus) foram os que passaram mais perto.

 

 

Mas também o abutre-do-egipto, (Neophron percnopterus) e a águia-cobreira (Circaetus gallicus) fizeram as minhas delícias e da minha Tia Ana que, de vez em quando, me acompanha nestas andanças.

 

 

Durante as férias de Verão, em Vila Real de Santo António, um pequeno camaleão (Chamaeleo chamaeleon) fez as delícias da família.

 

 

Assim como as nossas vizinhas andorinhas (andorinha-dos-beirais, Delichon urbicum) a alimentar as crias sempre com fome.

 

 

Já com o Outono a aproximar-se e durante uma visita aos arrozais do Tejo, um juvenil de águia-de-Bonelli (Aquila fasciata) será por certo uma das imagens de 2015.

 

 

Uma ida a Sagres com passagem por Castro Verde, durante um curso de identificação de aves de rapina, possibilitou observar algumas aves que andavam “fugidas da minha lista anual”. O bútio-vespeiro (Pernis apivorus) foi sem dúvida a estrela do curso, mas o cortiçol-de-barriga-preta (Pterocles orientalis), a abetarda (Otis tarda), a ógea (Falco subbuteo) e o sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii) foram observações bem curiosas.

 

 

O Outono trouxe de volta as invernantes. No entanto o goraz (Nycticorax nycticorax) e o papa-ratos (Ardeola ralloides) foram as estrelas Outonais nas diversas visitas aos arrozais da Barroca d’Alva.

 

 

Já com o Natal à porta, durante uma visita em trabalho a Sintra, vi um casal de águia-de-Bonelli.

E o ano termina como começou: no Tejo com limícolas, um “pequeno mergulhão” (Tachybaptus ruficollis) e uma águia-pesqueira.

 

 

Ao olhar para todas estas imagens não posso deixar de agradecer ao Carlos Pacheco e ao Eduardo Santos pela ajuda e pela amizade, pois sem eles muito destas imagens não teriam sido possíveis.

Espero que 2016 traga a todos excelentes dias de campo.

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