Os correspondentes da Wilder, Cláudia e Vítor, puseram as mochilas às costas e regressaram aos trilhos do Parque Nacional da Peneda-Gerês. A Barragem do Rio Homem, a Serra Amarela, a Mata da Albergaria, a Geira Romana e muitas cascatas foram os pontos altos desta caminhada de fim-de-semana.
No Norte de Portugal, no extremo Nordeste do Minho, estendendo-se até Trás-os-Montes fica o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Destaca-se pela sua beleza paisagística, pela variedade de fauna e flora, mas também pelo valor das suas tradições etnográficas. E foi lá que mais uma vez voltámos…
Partimos numa sexta-feira seguindo as linhas de comboio até Braga para depois seguir num pequeno autocarro até à aldeia do Campo do Gerês. Quando chegamos, o relógio marca as 19h00 e o Sol começa a deixar o seu caminho à lua. Montamos a tenda, preparamos uma pequena refeição e vamos dormir porque no dia seguinte as aventuras esperam-nos!
Acordamos cedo e logo pela manhã várias aves chilreiam à nossa volta. Preparamos as mochilas e começamos a deambular por um percurso livre que viria a somar cerca de 14 km. Caminhamos fazendo pausas para observar e desenhar o que nos rodeia. O importante é estar aqui e absorver a paisagem.
A barragem do Rio Homem está bastante cheia devido às constantes chuvas com que a Primavera nos premiou este ano, pelo que as margens estão mais altas do que esperávamos. Contudo seguimos em frente e por entre pinheiros e giestas vamos espreitar o rio. Depois rapidamente decidimos ir até à margem norte, no sopé da Serra Amarela, na tentativa de ver as ruínas de Vilarinho-das-Furnas, a mítica aldeia que em 1971 ficou submersa pela barragem mas que quando o nível das águas desce volta a ser visível.
Tudo está muito verde, a vegetação ainda não se ressentiu do calor e podemos ver muitos fetos, carvalhos, azevinhos e heras. No caminho acompanham-nos aves como as lavercas (Alauda arvensis), petinhas-das-árvores (Anthus trivialis), ferreirinhas-comum (Prunella modularis) e piscos-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula).
A meio do percurso, junto a uma cascata e à sombra dos pinheiros com vista para o rio, fazemos uma pausa para almoçar. Com as energias recuperadas metemos pés ao caminho e seguimos até à aldeia. Naturalmente devido ao nível da água que tínhamos observado anteriormente, esta permanece submersa tal como há 45 anos atrás. Começamos, então, a rumar de volta ao parque de campismo…
No dia seguinte, arrumamos tudo e de mochilas às costas caminhamos mais uma parte da Geira Romana (12km). Desta vez seguimos o caminho que passa pela Mata da Albergaria, um verdadeiro bosque encantado onde predomina um carvalhal secular. Aqui a presença humana é controlada de forma a minimizar os distúrbios no equilíbrio do ecossistema. As cascatas correm abundantemente e não resistimos a refrescar-nos numa delas.
Seguimos até à milha XXXI no Bico da Geira, freguesia de S. João do Campo, onde mais uma grande cascata surge por entre os marcos miliários. A zona é fresca e aproveitamos para lanchar e retomar ao ponto inicial. No percurso pela mata conseguimos observar uma das víboras que habita o Parque do Gerês.
A relação com a natureza permite-nos descansar e fazer uma pausa à vida citadina. O tempo é contado pela duração da luz solar e não pelo relógio. O desenho permite-nos olhar e tentar reproduzir o que a natureza outrora já desenhou. A gravação sonora permite-nos parar e ouvir, perceber o silêncio e de onde surgem os sons. Apesar do cansaço regressamos sempre com mais energia, criatividade e vontade de voltar, porque a pé o mundo é maior e há mais para descobrir!
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