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“Dar nome à traça”: as cinco espécies de Março

Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder.

Campaea margaritaria (Linnaeus, 1761)

Campaea margaritaria. Foto: João Nunes

A borboleta Campaea margaritaria vive na metade norte de Portugal continental e podemos vê-la a voar de junho a agosto. É uma borboleta da família Geometridae que habita florestas de folhosas ou mistas e matagais. Pode chegar aos quatro centímetros de envergadura e  alimenta-se de árvores como o salgueiro, o vidoeiro ou o carvalho. O seu nome comum em francês, “céladon”, refere-se ao termo dado à cerâmica chinesa com um tom de verde meio-pálido que, posteriormente, passou mesmo a chamar-se verde celadon, e um acabamento que traz um leve craquelê à peça. No caso desta borboleta podemos ver esse mesmo tom de verde nas suas asas, sendo as suas nervuras levemente demarcadas por branco, assim como uma longa linha transversal, e duas outras linhas apenas nas asas anteriores, que remetem para o aspeto de esmalte rachado. Na ponta das asas anteriores têm um ponto vermelho-acobreado que, por vezes, pode estender-se como uma linha ao longo da margem exterior tanto das asas anteriores como posteriores. O seu restritivo específico margaritaria do latim significa perolado, que se consegue observar no brilho que as escamas das asas apresentam.

Camptogramma bilineata (Linnaeus, 1758)

Camptogramma bilineata. Foto: João Nunes

Camptogramma bilineata é outra borboleta da família Geometridae que se encontra ao longo de todo o Portugal continental, com exceção, tanto quanto sabemos, da região do Baixo Alentejo. Tanto os machos como as fêmeas têm entre 20 e 25 mm de envergadura, voando de junho a agosto. As lagartas alimentam-se de uma grande variedade de plantas herbáceas, como as azedas (Rumex spp.) e as soldas (Galium spp.). Preferem áreas de clareiras, florestas de folhosas ou mistas, matos húmidos e jardins. O seu nome comum francês, “Brocatelle d’Or”, concentra-se no aspeto marmoreado com cores amareladas douradas das asas desta borboleta. O nome inglês, “Yellow Shell”, realça as mesmas características. É uma espécie com coloração variável, de amarelo a castanho-escuro, com diversas linhas ziguezagueadas a percorrer as asas. Nas asas anteriores destacam-se três ou quatro linhas transversais brancas onduladas, com uma linha preta abaixo de cada uma destas, tendo também a margem delineada.

Ophiusa tirhaca (Cramer, 1777)

Ophiusa tirhaca. Foto: Ana Valadares

Ophiusa tirhaca é uma traça migradora pertencente à família Erebidae descrita no século XVIII. Em Portugal podemos encontrá-la de norte a sul do país e ainda nos arquipélagos da Madeira e Açores. O seu nome tirhaca significa habitante da Tirrenia, antiga Etúria (Itália Central). Para além da região mediterrânica, pode ser encontrada em África, Austrália e Ásia. Na nossa região, parecem preferir habitats de matos e floresta mediterrânica, onde as lagartas se alimentam de várias espécies de plantas incluindo a lentisqueira (Pistacia lentiscus). Os adultos têm a cabeça e o tórax amarelo-esverdeados e o abdómen laranja; as asas anteriores são amarelo esverdeadas com estrias ligeiramente mais escuras; as asas posteriores são de cor laranja, com uma faixa preta submarginal. O período de voo é de fevereiro a outubro e a sua envergadura de asa pode ir dos cinco aos seis centímetros, sendo os machos habitualmente maiores que as fêmeas. É a espécie ilustrada no logotipo do projeto Rede de Estações de Borboletas Noturnas.

Arctornis l-nigrum (Müller, 1764)

Arctornis l-nigrum. Foto: Pedro Gomes

Arctonis l-nigrum é uma borboleta que em Portugal apenas ocorre na região do Minho. É um privilégio observá-la, não só pela sua beleza, mas também pela raridade em território nacional. Está associada a ambientes florestais de folhosas, sendo a alimentação das larvas restrita a várias árvores, como vidoeiros, faias e salgueiros, entre outras. É uma espécie estival, que voa em junho e julho. Tem uma envergadura de asa de quatro centímetros. Caracteriza-se pela sua coloração angelical branca, por vezes com um ligeiro tom de verde-água, com pequenas marcas pretas em forma de L nas asas anteriores, marcas essas de onde deriva o seu restritivo específico l-nigrum, possuindo ainda as patas com um zebrado preto e branco. O seu nome comum em inglês e em francês, “black L / black V” e “L-noir”, respetivamente, foca-se na caraterística forma das manchas nas asas anteriores e o contraste que o preto destas tem com o branco de fundo da espécie. 

Achlya flavicornis (Linnaeus, 1758)

Achlya flavicornis. Foto: Ernestino Maravalhas

Achlya flavicornis é uma borboleta noturna pertencente à família Drepanidae, que voa de finais de fevereiro a maio em Portugal continental. É observada na Europa e na Ásia temperada até ao Japão, estando no nosso país aparentemente apenas presente no norte de Trás-os-Montes. As larvas desta espécie alimentam-se exclusivamente de vidoeiro, Betula spp., sendo por isso o seu habitat preferencial florestas e zonas húmidas com esta árvore. É uma espécie dominada por tons castanhos e acinzentados, possuindo um tufo prominente na zona da cabeça e a cobrir o tórax, com linhas onduladas e uma distinta mancha esbranquiçada que pode estar dividida em duas em alguns exemplares. Tem uma envergadura entre 3,5 e 5 centímetros. A caraterística marcante desta traça são as suas antenas amarelas, sendo o seu restritivo específico flavicornis a junção de flavus, que significa amarelo, com cornus, que significa cornos. É mais evidente nos machos. O nome comum tanto em inglês como em francês transmitem diretamente esta caraterística, “yellow horned” e “flavicorne”.


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