Conheça as cinco espécies de pardais de Portugal

20.03.2025

No dia em que se celebra o Dia Mundial do Pardal-comum, ave em declínio moderado em Portugal, conheça as cinco espécies de pardais que podemos ver no nosso país (apesar de uma delas ser uma raridade).

Pardal-de-telhado ou pardal-comum (Passer domesticus):

Pardal-comum. Foto: Mathias Appel/WikiCommons

Apesar de ser a mais abundante das 10 espécies mais comuns de Portugal, o pardal está em declínio moderado, segundo os resultados mais recentes do Censo das Aves Comuns.

“Como tem sido habitual em anos anteriores, o pardal foi a espécie detetada em maior abundância na primavera de 2023 em Portugal Continental. No entanto, vale a pena referir que o número total de aves contabilizadas desta espécie foi bastante inferior ao ano transato”, escrevem os autores deste Censo.

As causas deste declínio ainda não são claras, mas os especialistas apontam o dedo à intensificação agrícola, ao aumento do uso de pesticidas, à destruição de locais de nidificação e à poluição.

A verdade é que, desde as últimas décadas do século XX, as populações de pardal-comum têm vindo a diminuir ano após ano, especialmente nas principais capitais europeias, como Berlim, Paris, Praga ou Londres.

Estima-se que nos últimos 30 anos, a Europa tenha perdido 60% dos seus pardais-comuns, segundo a organização SEO/Birdlife. Para chamar a atenção para esta espécie, celebra-se a 20 de Março o Dia Mundial do Pardal-comum.

A época de reprodução desta ave começa a partir de Fevereiro mas é em Abril e Maio que se registam a maioria das posturas. Esta ave não é esquisita na hora de escolher o sítio para construir o seu ninho, que pode ser em árvores mas também em edifícios, postes de electricidade ou até mesmo em cima de ninhos de outras aves maiores, como a cegonha-branca.

Pode pôr três a cinco ovos por postura. Estes demoram entre 11 e 14 dias a incubar e as crias começam a voar com apenas 14 dias de vida.

No Verão, junta-se em grandes dormitórios em árvores como choupos, plátanos ou palmeiras. Esses dormitórios podem ter milhares de pardais.

Pardal-espanhol (Passer hispaniolensis):

Pardal-espanhol. Foto: Juan Emilio/WikiCommons

Este pardal é mais comum no interior do país e é muito raro ocorrer em edifícios, preferindo os campos ou pastagens.

Segundo o portal Aves de Portugal, esta espécie pode ser facilmente confundida com o pardal-comum. “Durante a época de nidificação, os machos distinguem-se facilmente dos de pardal-comum pelo grande “babete” preto, pelos flancos riscados e pela coroa castanha e não cinzenta. As fêmeas são muito semelhantes às de pardal-comum, por vezes com os flancos levemente riscados. No Inverno, as cores encontram-se mais apagadas e a identificação não é tão imediata, sendo por isso importante observar as aves com atenção.”

Nidifica sobretudo em colónias, que se formam a partir de meados de Março. As suas posturas são de cinco ovos.

Alimenta-se de larvas de borboletas ou de gafanhotos.

Pardal-montês (Passer montanus):

Pardal-montês. Foto: Kjetil Fjellheim/WikiCommons

Esta espécie de pardal é pouco comum, em especial no Baixo Alentejo e Algarve. No Norte e Beira Alta pode ser visto em zonas agrícolas, aldeias ou olivais antigos e perto de zonas húmidas.

Segundo o portal Aves de Portugal, o pardal-montês “parece uma versão reduzida do pardal-comum (…). Distingue-se principalmente pelo barrete totalmente castanho e pela mancha preta na face”.

Faz ninho em cavidades de castanheiros, sobreiros ou oliveiras, em buracos de edifícios e as suas posturas têm entre dois e sete ovos. O período de incubação é de 11 a 14 dias e as crias começam a voar com 15 ou 20 dias de vida.

Pardal-francês (Petronia petronia):

Pardal-francês. Foto: Imran Shah/WikiCommons

Também conhecido como pardal-da-índia ou tarrote-do-monte, o pardal-francês é uma espécie pouco comum em Portugal.

“Ocorre sobretudo em aldeias (na metade norte do país) e em zonas florestais com árvores velhas, nomeadamente sobreiros e castanheiros, nidificando em cavidades”, segundo o portal Aves de Portugal.

Geralmente as suas posturas são de quatro a sete ovos e o período de incubação é de 11 a 14 dias. Os jovens pardais-franceses começam a voar entre os 16 e os 21 dias de vida.

“É uma espécie residente que pode ser observada durante todo o ano, mas é consideravelmente mais fácil de encontrar durante a Primavera, época em que os seus chamamentos mais se fazem ouvir.”

Esta ave alimenta-se, sobretudo, de sementes mas também de bagas no Outono e de borboletas e gafanhotos na Primavera.

Pardal-alpino (Montifringilla nivalis):

Pardal-alpino. Foto: Pierre Dalous/WikiCommons

Este será o mais raro dos pardais que ocorrem em Portugal. Até ao final de 2007 conheciam-se apenas cinco registos em Portugal.

O pardal-alpino, ou pardal-das-neves, é uma ave típica de alta montanha e as zonas de nidificação mais próximas de Portugal ficam no Norte de Espanha, na cordilheira Cantábrica.

Segundo o portal Aves de Portugal, esta pequena ave granívora “faz lembrar uma escrevedeira-das-neves. Distingue-se desta espécie pelo dorso acastanhado, pela cabeça-cinzenta e pelo bico amarelo”.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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