Rosmarinus officinalis. Foto: Hedwig Storch/WikiCommons

Como usar plantas para afastar mosquitos e outros insetos

14.06.2024

Neste novo artigo da série “Abra espaço para a natureza”, Carine Azevedo explica-nos que plantas podemos ter nos nossos jardins ou varandas para afastar insectos como mosquitos.

 

Integrar plantas repelentes de insetos no jardim é uma maneira natural e eficaz de manter mosquitos, melgas e outros insetos indesejados à distância. Além de proteger o espaço ao ar livre, estas plantas acrescentam beleza, aromas agradáveis e podem ter outras utilidades.

Rosmarinus officinalis. Foto: Hedwig Storch/WikiCommons

No verão, quando o calor convida a desfrutar dos nossos jardins e espaços ao ar livre, os insetos, especialmente os mosquitos e as melgas, também fazem a sua aparição. Estes pequenos visitantes podem rapidamente transformar momentos agradáveis em experiências frustrantes, levando muitas vezes ao uso de produtos químicos para os afastar.

Além disso, estes intrusos não se limitam ao exterior. Muitas vezes conseguem entrar nas nossas casas, tornando-se numa fonte de desconforto adicional. Felizmente, a Natureza oferece soluções eficazes e ecológicas para manter esses visitantes à distância.

Neste artigo, vou partilhar algumas dicas para ajudar a mantê-los afastados, tanto no jardim como no interior das nossas casas, e indicar algumas plantas nativas de Portugal e espécies exóticas que podem ser aliadas na criação de um ambiente mais agradável e livre de picadas e zumbidos.

Plantas repelentes de insetos

Existem muitas plantas com propriedades repelentes que ajudam a afastar insetos, além de embelezar os jardins e outros espaços com as suas flores coloridas e aromas agradáveis. Muitas destas plantas também atraem polinizadores benéficos como abelhas e borboletas, contribuindo para a biodiversidade do jardim. Utilizar estas plantas ajuda a proteger o espaço verde ao ar livre de forma natural e eficaz, ao mesmo tempo que favorece o aumento da biodiversidade.

Santolina rosmarinifolia. Foto: Krzysztof Ziarnek/WikiCommons

Esta abordagem sustentável evita a necessidade de recorrer a produtos químicos nocivos, preservando a saúde dos ecossistemas e criando um ambiente mais equilibrado para todas as formas de vida.

De entre as espécies nativas repelentes mais comuns e fáceis de encontrar, destaco:

Alecrim (Salvia rosmarinus)

Rosmaninho (Lavandula stoechas)

– Hortelã-brava (Mentha suaveolens)

Erva-cidreira (Melissa officinalis)

Loureiro (Laurus nobilis)

– Arruda (Ruta chalepensis)

Perpétua-das-areias (Helichrysum italicum subsp. picardi)

– Tomilho-belém (Thymbra capitata)

– Tomilho (Thymus spp.)

– Absinto (Artemisia absinthium)

– Tanaceto (Tanacetum spp.)

– Cebolinho (Allium schoenoprasum)

Poejo (Mentha pulegium)

– Erva-dos-gatos (Nepeta cataria)

– Santolina (Santolina rosmarinifolia)

Outras espécies nativas, como o funcho (Foeniculum vulgare), o malmequer (Leucanthemum vulgare), as belas-noites (Calendula arvensis), a esteva (Cistus ladanifer), a murta (Myrtus communis), a perpétua-das-areias (Helichrysum italicum subsp. picardi), a roselha (Cistus crispus), entre outras, podem apresentar efeito repelente, embora não sejam tão potentes quanto as plantas mencionadas anteriormente.

De entre as espécies exóticas, as mais comuns são:

– Manjericão (Ocimum basilicum)

– Calêndula (Calendula officinalis)

– Segurelha (Satureja montana)

– Arruda (Ruta graveolens)

– Erva-príncipe (Cymbopogon citratus)

– Hortelã (Mentha spicata)

– Tagetes (Tagetes spp.)

– Malva (Pelargonium graveolens)

– Tomilho (Thymus vulgaris)

– Tomilho-limão (Thymus citriodora)

– Salvia (Salvia officinalis)

– Alfazema (Lavandula angustifolia)

– Limonete (Aloysia citrodora)

– Manjerona (Origanum majorana)

– Santolina (Santolina chamaecyparissus)

Belas-noites (Calendula arvensis). Foto: Sabina Bajracharya/WikiCommons

Como usar estas plantas

Para utilizar estas plantas de forma eficaz, é fundamental planear cuidadosamente o espaço e seguir algumas dicas importantes:

  • Agrupar plantas com propriedades repelentes num só local aumenta a eficácia do seu aroma, afastando mosquitos e outros insetos de forma mais eficiente. Plantas como o alecrim (Salvia rosmarinus), o rosmaninho (Lavandula stoechas), o manjericão (Ocimum basilicum), a erva-cidreira (Melissa officinalis), os tomilhos (Thymus) e a erva-dos-gatos (Nepeta cataria) são alguns exemplos de plantas que intensificam o seu aroma quando estão em grupo, proporcionando proteção, mas também um visual encantador para qualquer jardim. Além destas, o loureiro (Laurus nobilis) e a arruda (Ruta spp.) também podem ser incluídos para aumentar a eficácia do repelente natural.
  • Integrar espécies repelentes em canteiros mistos, ao lado de outras plantas, pode maximizar a proteção e criar um ambiente diversificado e esteticamente agradável. Plantas como o alecrim (Salvia rosmarinus), a alfazema (Lavandula angustifolia), a perpétua-das-areias (Helichrysum italicum picardi), a esteva (Cistus ladanifer), o tomilho-belém (Thymbra capitata), o rosmaninho (Lavandula stoechas) e os tomilhos (Thymus spp.), são algumas das opções que, além de afastarem os insetos, também são plantas ornamentais com cores e texturas vibrantes que podem contribuir para a diversidade e funcionalidade dos canteiros. Incluir o absinto (Artemisia absinthium) e o Tanaceto (Tanacetum spp.) pode oferecer uma variedade adicional de texturas e cores ao canteiro, além de aumentar a proteção contra insetos.
  • Criar bordaduras com plantas repelentes ao redor de canteiros e hortas é uma forma eficaz de estabelecer uma barreira natural contra insetos indesejados. Plantas nativas, como o alecrim (Salvia rosmarinus), o tomilho-belém (Thymbra capitata), o cebolinho (Allium schoenoprasum), o poejo (Mentha pulegium) e a santolina (Santolina rosmarinifolia) são excelentes opções. Entre as espécies exóticas destacam-se o manjericão (Ocimum basilicum), a segurelha (Satureja montana) e os tomilhos (Thymus). Além de afastarem os insetos, algumas destas plantas também podem servir como temperos para a cozinha.
  • Posicionar estrategicamente as plantas repelentes em áreas de convívio, como pátios e churrasqueiras, ajuda a manter os insetos longe das áreas frequentadas por pessoas. A hortelã (Mentha), o manjericão (Ocimum basilicum), a erva-cidreira (Melissa officinalis), a erva-príncipe (Cymbopogon citratus), os tagetes (Tagetes spp.) e a malva (Pelargonium graveolens) são boas escolhas para essas áreas, proporcionando momentos ao ar livre livres de insetos incómodos.
  • Plantar espécies repelentes ao longo de caminhos e entradas cria uma linha de defesa natural contra os insetos que podem tentar entrar em casa. As alfazemas (Lavandula), a malva (Pelargonium graveolens), a sálvia (Salvia officinalis) e a calêndula (Calendula officinalis) são opções populares para esse propósito, proporcionando proteção e beleza às áreas de passagem.
  • Em varandas e janelas, é possível cultivar estas plantas em vasos e floreiras. Colocar plantas aromáticas em vasos próximos de portas e de janelas pode impedir a entrada de insetos dentro de casa. Isto é especialmente útil para plantas como a hortelã (Mentha), o manjericão (Ocimum basilicum), o alecrim (Salvia rosmarinus) e a erva-cidreira (Melissa officinalis), a erva-príncipe (Cymbopogon citratus), o limonete (Aloysia citrodora) e a manjerona (Origanum majorana), que podem ser facilmente movidas conforme necessário, garantido um ambiente livre de insetos no interior das casas ou mesmo em espaços mais pequenos.
Erva-cidreira (Melissa officinalis). Foto: KENPEI/WikiCommons

Benefícios Adicionais

Muitas destas plantas têm aromas agradáveis que podem perfumar o ar, criando um ambiente mais agradável e relaxante para desfrutar. Além disso, as plantas repelentes de insetos também podem ser usadas para fins paisagísticos, adicionando cores vibrantes e texturas interessantes aos jardins e espaços ao ar livre. A alfazema e o alecrim, por exemplo, com as suas flores coloridas e fragrância intensa, contribuem para melhorar a aparência do espaço, e também proporcionam um ambiente mais agradável e relaxante.

Muitas das plantas repelentes de insetos atraem polinizadores benéficos, como abelhas e borboletas, contribuindo para a biodiversidade e saúde dos ecossistemas. O rosmaninho e o tomilho, por exemplo, são conhecidos por atrair abelhas, que são essenciais para a polinização de muitas plantas. Já publiquei anteriormente um texto sobre jardins para a vida selvagem e jardins para borboletas, destacando a importância de criar espaços que acolham e promovam a diversidade de vida selvagem.

Outro benefício é que algumas delas – como a erva-cidreira, o limonete, a hortelã, a erva-príncipe, entre outras – podem ser usadas na culinária e na preparação de chás, proporcionando um jardim não só funcional, mas também produtivo. Se viver num apartamento e apenas tiver uma pequena varanda, por exemplo, pode optar por cultivar plantas aromáticas em vasos ou canteiros elevados, já que estas plantas requerem menos espaço e muitas são repelentes de insetos.

Optar por soluções naturais, para o controlo de pragas, reduzindo a necessidade de produtos químicos que podem ser prejudiciais ao ambiente e à saúde humana, contribui para a sustentabilidade ambiental, preservando a saúde dos ecossistemas, a vida selvagem e reduzindo a exposição a substâncias nocivas.

Abra espaço para a natureza e aproveite ao máximo os benefícios que estas plantas podem oferecer ao seu jardim! Dê preferência às plantas nativas e desfrute de um ambiente mais harmonioso e livre de insetos.

Na série “Abra espaço para a natureza” encontrará mais alguma informação que ajudará na escolha das espécies e nos cuidados a ter com as suas plantas. E se explorar a série “O que procurar: espécies botânicas”, irá encontrar um vasto leque de espécies nativas que se poderão adequar às diferentes condições do seu jardim.

Aproveite para partilhar as fotos do seu jardim nas redes sociais com #jardimtemático e no Instagram, comigo (@biodiversityinportuguese) e com a Wilder (@wilder_mag).

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