Num discurso gravado para a estação de televisão estatal chinesa CCTV1, para ser visto por 100 milhões de pessoas, o príncipe William apelou ontem à China para ajudar a mudar a maré da extinção e a tornar-se um líder mundial na protecção da vida selvagem.
A questão central deste discurso foi o “tráfico e a destruição em massa de espécies icónicas ameaçadas”, a acontecer a um ritmo sem precedentes. “Na África do Sul, por exemplo, até 2005, um rinoceronte era morto todos os meses; mas em 2014, três rinocerontes foram mortos todos os dias”, disse William, Duque de Cambridge, num discurso gravado na Biblioteca Maughan, no King’s College London, em frente a uma audiência de alunos e convidados, segundo imagens da estação de televisão Sky News.
“A este ritmo, as crianças que nasceram este ano, como a minha filha, vão assistir à morte dos últimos elefantes e rinocerontes selvagens antes do seu 25º aniversário.”
Tudo gira à volta da procura no mercado de produtos ilegais de vida selvagem. E a China é o maior mercado de todos, onde marfim, corno de rinoceronte e partes de tigre são usados como ornamentos e na medicina tradicional.
William apelou à ajuda das famílias chinesas. “Não são só os Governos que podem fazer alguma coisa. Só nós, enquanto consumidores, podemos tirar o negócio aos traficantes ao pormos fim à nossa procura pelos seus produtos”.
“Estou absolutamente convicto de que a China pode tornar-se um líder mundial na protecção da vida selvagem”, declarou, lembrando a influência que este país tem no mundo.
O discurso faz parte de uma série televisiva chamada Let’s Talk e deverá ser transmitido na China dentro de duas semanas. Espera-se que até 100 milhões de pessoas assistam ao programa. Além de William, também participaram no programa Sir David Attenborough, o basquetebolista Yao Ming e o apresentador de televisão Bear Grylls.
A questão do tráfico de espécies selvagens tem sido uma das prioridades de William. No Verão, passou três meses na África do Sul a trabalhar lado a lado com os que lutam contra os caçadores furtivos. Este mês escreveu num artigo publicado no jornal Financial Times: “Não consigo imaginar como seria se morressem os últimos elefantes ou rinocerontes selvagens. Teria de explicar aos meus filhos como tínhamos deixado isso acontecer.”