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Penas mais escuras ajudam aves a sobreviver em pequenas ilhas

23.07.2015

As populações de aves que vivem em ilhas pequenas incluem indivíduos mais escuros. Num artigo publicado na revista The Auk, uma equipa de investigadores explica que tudo acontece para as aves serem mais competitivas quando o espaço é limitado.

 

Com o tempo, as populações de animais das ilhas desenvolvem características específicas: ou os indivíduos ficam mais pequenos ou perdem a capacidade para voar, por exemplo. Um padrão evolutivo menos estudado é a tendência para desenvolverem “melanismo”, ou seja, uma coloração mais escura ou preta.

Os investigadores J. Albert Uy e Luis Vargas-Castro, da Universidade de Miami, estudaram este fenómeno numa ave que vive nas ilhas Salomão, o papa-moscas-monarca (Monarcha castaneiventris). A maioria das aves tinha o peito castanho. Mas na sub-espécie das ilhas Russell, algumas aves todas pretas coexistiam com a maioria de peito castanho.

“Esta é a espécie perfeita para explorar as questões da ecologia da diversificação da plumagem e da origem das espécies”, disse Albert Uy em comunicado. Este cientista já trabalha com o papa-moscas-monarca há dez anos.

Depois de visitarem 13 ilhas de vários tamanhos para monitorizar as populações de papa-moscas-monarca, Uy e Vargas-Castro confirmaram que o tamanho da ilha influencia a frequência de aves com melanismo, com as populações das ilhas mais pequenas a incluir mais indivíduos escuros. O artigo foi agora publicado na revista The Auk: Ornithological Advances.

Segundo os autores, a coloração mais escura, graças ao melanismo, faz com que as aves sejam mais agressivas e competitivas, uma vantagem em territórios mais pequenos.

Já experiências anteriores com a mesma espécie, usando aves taxidermizadas e vocalizações, mostraram que as aves com melanismo reagem mais agressivamente quando se apercebem de uma ameaça ao seu território.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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