Estudo com milhares de espécies mostra que a transformação de áreas selvagens em áreas agrícolas beneficia animais que albergam doenças com potencial de infectarem humanos.
Esta é a principal conclusão de um artigo científico publicado a 5 de Agosto na revista Nature, coordenado pelo University College London (UCL).
A equipa de investigadores analisou informação referente a 6.801 grupos ecológicos de seis continentes e com mais de 7.000 espécies. Concluiu que os animais que albergam microorganismos que causam doenças e que podem ser transmitidas aos humanos são mais comuns em paisagens intensamente usadas pelas pessoas, como as cidades ou os terrenos agrícolas.
Dessas 7.000 espécies estudadas, 376 têm microorganismos que podem afectar os humanos.
Por isso, defendem os investigadores, precisamos mudar a forma como usamos o solo em todo o mundo, a fim de reduzir o risco de futuros surtos de doenças infecciosas.
“A forma como os humanos alteram as paisagens, por todo o mundo, por exemplo transformando florestas em solos agrícolas, tem impactos consistentes em muitas espécies de animais selvagens, levando a que uns entrem em declínio e que outros persistam ou aumentem”, disse, em comunicado, Rory Gibb, investigadora da UCL e autora principal do estudo.
“O nosso estudo mostra que os animais que persistem em ambientes mais dominados pelos humanos são aqueles que são mais prováveis de albergar doenças infecciosas que podem causar doenças nas pessoas.” A probabilidade é menor nos animais que vivem em zonas mais selvagens.
Para agravar a situação, a perda da biodiversidade faz desaparecer os animais que não são infectados por esses microorganismos ou que o são mais dificilmente e que, por isso, são uma barreira à sua progressão.