Esta semana, a Quercus entregou uma petição com 5.486 assinaturas aos ministros do Ambiente e da Agricultura para parar a caça na Reserva Natural da Serra da Malcata. Esta voltou a ser autorizada em Fevereiro, depois de ter estado proibida durante 22 anos.
A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza acredita que a caça naquela área protegida “pode colocar em causa a recuperação de várias espécies presa que se encontram a recuperar na zona”, como o corço, o veado ou o coelho-bravo, e espécies em perigo, como o lince-ibérico, o lobo-ibérico e o abutre-preto.
Salientando não ser contra a caça, a associação lembra, em comunicado divulgado nesta terça-feira, que a decisão de voltar a permitir a actividade cinegética na Malcata “carece da devida fundamentação científica, não se conhecendo até à data nenhum estudo sobre as populações de espécies que possam vir a ser exploradas cinegeticamente”.
A 8 de Fevereiro, foi publicada uma portaria que volta a autorizar a caça na Reserva Natural da Malcata, área protegida criada em 1981 nos concelhos de Penamacor e Sabugal, com mais de 16.000 hectares. Ali vivem plantas e animais “de incontestável interesse”, como o gato-bravo, a cegonha-preta ou o abutre-negro, segundo a portaria. É também habitat para o lince-ibérico.
O Governo justificou esta alteração com “as reconhecidas vantagens do ordenamento cinegético e da gestão e exploração cinegéticas sustentáveis para a conservação dos recursos naturais, em particular através do fomento de espécies presa e maneio de habitat favorável às principais espécies protegidas”.
Ainda assim, a caça na Malcata tem limitações. Os planos de ordenamento e gestão cinegética e os processos de renovação ou criação de novas zonas de caça necessitam de um parecer prévio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Mas isto não chega para descansar a Quercus. “Não existe qualquer necessidade ou fundamentação científica que justifique permitir a caça numa reserva natural, sobrepondo os interesses da caça aos da conservação da biodiversidade”, acrescenta a associação.
Para tentar travar a caça na Malcata, a Quercus entregou a petição pública e alertou o Governo para o facto de ainda estarem por cumprir as duas resoluções do PAN (Partido Pessoas-Animais-Natureza) e do BE, aprovadas no final de Maio pela Assembleia da República, recomendando que a caça volte a ser proibida.
A 14 de Junho, uma resolução da Assembleia da República recomendou ao Governo que anule as normas que permitem a caça na Reserva Natural da Serra da Malcata.