Todos os anos entre 221 e 450 leopardos-das-neves (Panthera uncia), espécie Em Perigo de extinção, são caçados ilegalmente nas montanhas da Ásia, alertou hoje um novo relatório. Estima-se que apenas restem 4.000 animais em estado selvagem.
O relatório é da TRAFFIC, organização que monitoriza o tráfico de espécies no mundo, é foi divulgado hoje, nas vésperas da reunião das Nações Unidas sobre o leopardo-das-neves e do Dia Internacional do Leopardo-das-neves, que se celebra neste domingo.
Desde 2008 que todos os anos são caçados entre 221 e 450 leopardos, um mínimo de quatro por semana, segundo o relatório.
A maioria dos leopardos são mortos como retaliação a ataques a gado (55%) ou como vítimas indirectas de iscos envenenados dirigidos à vida selvagem no geral (18%). Estes animais acabam por ser vendidos no mercado negro, especialmente por causa das peles.
Ainda assim, penas 21% dos leopardos foram caçados especificamente para o comércio ilegal. Estima-se que entre 108 a 219 animais sejam traficados por ano, especialmente na China, Mongólia, Paquistão, Índia e Tajiquistão. A Rússia e a China foram os destinos mais frequentes dos animais caçados noutros países.
Mas a TRAFFIC alerta que estes números podem ser ainda mais elevados, porque muitas mortes acontecem em áreas remotas e de difícil monitorização.
Esta perseguição continua apesar de os 12 países onde vivem leopardos-das-neves se terem reunido do Programa Global de Protecção do Ecossistema do Leopardo-das-neves (GSLEP, sigla em inglês).
Na verdade, a escala da perseguição a estes animais é preocupante, alerta a TRAFFIC. A organização combinou registos de capturas de animais, inquéritos nos mercados e entrevistas com especialistas para fazer o relatório “An Ounce of Prevention: Snow Leopard Crime Revisited”.
Curiosamente, o relatório dá conta de um ligeiro declínio no número de leopardos encontrados nos mercados, especialmente na China. “Isto pode sugerir que a procura esteja a diminuir, talvez por causa de um aumento da implementação de regulamentação”, escreve a TRAFFIC em comunicado.
Mas mesmo com este declínio, “a matança vai continuar a menos que trabalhemos todos juntos para reduzir drasticamente o conflito entre humanos e vida selvagem e para garantir que as comunidades que vivem nas montanhas possam co-existir com os leopardos-das-neves”, disse Rishi Sharma, coordenador do Programa para os Leopardos-das-neves da WWF e co-autor do relatório.
Actualmente estão no terreno medidas de compensação e dispositivos para proteger o gado dos predadores mas estas, segundo a TRAFFIC, ainda não chegam a todas as comunidades das montanhas asiáticas.
O relatório sugere a expansão destas medidas e de programas de conservação baseados nas comunidades locais e um reforço da implementação das leis contra o tráfico de animais selvagens. “Apenas um quarto dos casos de tráfico de leopardo-das-neves é investigado; só 14% são condenados”, salientou.
Hoje em dia, o leopardo-das-neves vive em regiões de elevada altitude no Afeganistão, Butão, China, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Mongólia, Nepal, Paquistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.