A vaga de poluição do rio Tejo e seus afluentes motivou uma manifestação marcada para este sábado em Lisboa. A iniciativa é do movimento de cidadania proTejo.
A manifestação começa às 15h00 na Praça Duque da Terceira no Cais do Sodré e irá até ao Terreiro do Paço – Praça do Comércio. O objectivo é denunciar os “elevados níveis de poluição extrema que se têm verificado no rio Tejo”, segundo o proTejo, movimento de cidadania em defesa do rio que reúne cidadãos e organizações da bacia do Tejo em Portugal.
“Nunca o rio Tejo e seus afluentes registaram tão elevado grau de poluição, de abandono e falta de respeito.”
Por isso, o movimento vai pedir ao ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que “intervenha no sentido de que sejam tomadas medidas para a contenção das descargas poluentes no rio Tejo”.
As águas do rio estão poluídas pelos “fertilizantes usados na agricultura intensiva”, pela “descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades espanholas sem o adequado tratamento” e pela “contaminação radiológica com origem na Central Nuclear de Almaraz”.
Do lado português, a poluição tem origem na agricultura, indústria, suinicultura e vacarias, águas residuais urbanas e outras descargas de efluentes não tratados. O proTejo denuncia o “total desrespeito pelas leis em vigor” e a falta de uma “competente ação de vigilância e controlo pelas autoridades responsáveis, valendo a ação de denúncia das organizações ecologistas e dos cidadãos, por diversas formas, nomeadamente, através das redes sociais e da comunicação social”.
Para agravar a situação, cada vez são mais reduzidos os caudais que chegam de Espanha e as barragens do Fratel e Belver diminuem a capacidade de depuração natural do rio Tejo.
Por tudo isto, o movimento considera que a situação do rio Tejo é “catastrófica”, com “graves implicações na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para a saúde das pessoas”. Além disso, “impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha para práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos, respeitando a natureza e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo”.
O que conseguiram os protestos anteriores
Esta será a terceira manifestação contra a poluição do Tejo e seus afluentes, depois dos protestos organizados a 26 de Setembro de 2015 e a 4 de Março de 2017.
“Em consequência dos protestos realizados constatou-se que o Ministério do Ambiente aumentou a sua ação no terreno através da intervenção da Inspeção- geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e em resultado disso registou-se, de facto, uma diminuição nas ocorrências de poluição ainda durante o ano de 2016.”
Recentemente, o Ministério do Ambiente publicou o Relatório da Comissão de Acompanhamento Sobre Poluição no Rio Tejo e um Plano Anual de Ação Integrado de Fiscalização e Inspeção para a bacia do rio Tejo.
Mas, apesar de a qualidade da água do rio ter melhorado desde Março, a verdade é que a partir de Junho a poluição visível voltou a aumentar. Segundo o proTejo, o Relatório da Comissão de Acompanhamento Sobre Poluição no Rio Tejo identificou a zona de Vila Velha de Ródão como a principal origem dos problemas.
Na opinião do proTejo, “a acção das autoridades competentes tem fracassado quanto à contenção das práticas poluentes das empresas na bacia do Tejo, em especial na zona de Vila Velha de Ródão”.