Investigadora do CIIMAR e da FCUP foi a escolhida para liderar a Comissão que vai monitorizar a evolução do Plano Nacional de Restauro da Natureza, que tem de estar concluído até Agosto de 2026.
A investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Isabel Sousa Pinto, foi o nome escolhido para presidir à Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Restauro, que tem como missão monitorizar a evolução do Plano e assegurar a discussão adequada desta temática.
A presença de Isabel Sousa Pinto nesta comissão acontece depois do envio de uma Carta Aberta em Novembro, promovida por um conjunto de investigadores do CIIMAR e subscrita por investigadores de todo o país, a apelar ao desenho de um Plano Nacional de Restauro que “não deixe o mar para trás” e que tenha em conta o mar e os recursos marinhos.
No seguimento da aprovação da Lei do Restauro, em junho de 2024, pelo Conselho da União Europeia, o Governo português está a avançar com os trabalhos para a elaboração do Plano Nacional de Restauro da Natureza. Para isso, selecionou especialistas que podem dar um contributo no seu desenho e implementação.
Segundo o despacho ministerial, publicado a 25 de outubro, o Plano Nacional de Restauro da Natureza deve estar concluído até 18 de agosto de 2026. Ou seja, a equipa liderada por Isabel Sousa Pinto terá cerca de um ano e meio para produzir este documento.
O Plano Nacional de Restauro da Natureza vai cumprir a meta com que Portugal se comprometeu, de restaurar um mínimo de 30% das áreas de habitats em condição desfavorável; a área a restaurar aumenta até 60% em 2040 e 90% em 2050. O nosso país deverá ainda assegurar que o estado de conservação da maioria destes habitats seja conhecido até 2040.
A percentagem de habitats marinhos em estado de conservação desfavorável em Portugal pode chegar aos 75%, segundo o Sistema de Informação sobre Biodiversidade para a Europa, e pode incluir pradarias de ervas marinhas, florestas de macroalgas, jardins de esponjas e corais e fontes hidrotermais.
Ainda esta semana uma equipa de investigadores alertou para o colapso provável das colónias de gorgónias-vermelhas no Mar Mediterrâneo por causa das ondas de calor marinhas.
Sobre Isabel Sousa Pinto
Investigadora Principal do Laboratório de Biodiversidade Costeira e membro da direção do CIIMAR e Professora Associada do Departamento de Biologia da FCUP, Isabel Sousa Pinto foi a representante de Portugal – via FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) no Intergovernamental Panel on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES) entre 2013 e 2018. Esta plataforma das Nações Unidas dedica-se à produção e análise de informação que apoie a decisão política e legislativa nas áreas ligadas à biodiversidade.
Enquanto membro do IPBES, colaborou com mais de 500 especialistas de mais de 100 países num conjunto de estudos sobre a biodiversidade, os quais indicam que 42% das espécies animais e vegetais existentes na Europa diminuíram as suas populações na última década.
Em 2022, conquistou o Prémio Gulbenkian para a Humanidade. Membro da Academia Europeia das Ciências (EurASc) desde junho deste ano, co-lidera a MBON – Marine Biodiversity Observation Network, uma organização internacional de Observação do Oceano.