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Intervenção urbana quer facilitar vida das aves nas cidades

22.07.2015

No meio do ruído do tráfego e da vida no coração de uma cidade há aves que insistem em adaptar-se a este meio urbano. Um estúdio de design britânico quer agora facilitar-lhe a vida, encorajando as pessoas a instalarem caixas-ninho pelas ruas e parques.

 

O Nest Project (“Projecto dos Ninhos”) quer “encorajar as aves a viverem no centro das cidades, tornando os nossos bairros mais agradáveis para vivermos e trabalharmos”, disse à Wilder Robin Howie, a pessoa por detrás do projecto.

“Cresci no campo mas estou a viver em Londres há mais de dez anos. Quando vou de visita a casa noto que há coisas que estão a faltar no sítio onde moro agora, coisas que, acredito, ajudam a melhorar as cidades”, acrescentou.

 

 

Por isso criou a ideia de incentivar as pessoas a instalar ninhos artificiais um pouco por todo o lado nos seus bairros. Facilmente se colocam em postes de iluminação ou em mobiliário urbano que já exista.

 

 

“O principal objectivo dos ninhos é incentivar as aves a viverem perto de nós, mas não só. Os ninhos funcionam como intervenções urbanas para as pessoas, salientando casas para a natureza no tecido urbano.”

Os ninhos são feitos a partir de um material chamado Correx. “É um material sustentável e que resiste bem às agruras de uma cidade”, explicou. Além disso, cada ninho vem com explicações sobre como se monta e como agir para não haver problemas com as autarquias e responsáveis pelos espaços urbanos.

 

 

Uma curiosidade deste projecto é que os participantes são incentivados a preparar os ninhos para a chegada das aves. Cada ninho tem um afia (o sítio onde se coloca o pequeno poleiro) e as pessoas podem ir afiando os seus lápis aí durante uma semana. Cada vez que se afia o lápis, as aparas ficam no fundo do ninho, tornando-o mais macio para as aves.

 

 

Para Robin, o design tem um papel na conservação da natureza. “O design pode criar diálogos e ter um efeito no tecido social onde vivemos. Aliás, o nosso estúdio quer criar diálogos entre pessoas, objectos, ideias, materiais e lugares. Gostávamos que estes diálogos enriquecessem as vidas daqueles que os experienciam.”

O projecto prevê a publicação de um mapa online onde as pessoas poderão inserir as localizações dos ninhos que instalaram, juntamente com uma fotografia. “Isto é uma nova forma de explorar a cidade.”

No futuro, o estúdio está a pensar em fazer algumas variações aos ninhos: um que envie tweets com fotografias das crias no seu interior e outro que monitorize a poluição do ar local.

De momento, o projecto ainda está em fase de protótipo. As pessoas interessadas podem ir ao site e pedir para serem informadas de quando os ninhos ficarão disponíveis.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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