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Há 841 casais de águia-imperial na Península Ibérica

03.04.2023
Juan Lacruz/Wiki Commons

Entre 2021 e 2022 foram registados 841 casais de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) em Espanha e em Portugal, o que supõe um aumento populacional de 53% em relação a 2017.

Estes números foram revelados a 16 de Fevereiro em Madrid pelo grupo de trabalho da águia-imperial-ibérica, a única rapina endémica da Península Ibérica, integrado por técnicos espanhóis e portugueses.

Os 841 casais representam um aumento de 53% da população desde 2017, o último ano em que se fez um censo coordenado a nível ibérico. Nesse ano foram registados 536 casais.

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Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Em Portugal, a monitorização da espécie permitiu “observar 21 casais reprodutores e 20 crias voadoras, registando-se um aumento de cerca de 60% da população da espécie nos últimos anos”, segundo um comunicado do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Em Espanha, a espécie está distribuída por 21 províncias. A partir de 2018, Granada, Cuenca e Palencia passaram a albergar casais reprodutores. Castela-La Mancha é a comunidade autónoma que alberga um maior número de casais, 396. “As zonas amplas desta região, que contam com habitats muito favoráveis para a espécie – associados principalmente ao vale do Tejo, Serra Morena e comarca de Campo de Montiel – permitiram um aumento relevante de casais e, ao mesmo tempo, do número de exemplares dispersantes”, segundo uma nota do Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico (MITECO). Toledo é uma província considerada chave para esta espécie, com 212 territórios contabilizados.

Também na Andaluzia se registou um aumento importante de casais, dos 70 registados em 2011 para os 136 de 2022.

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Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

A população reprodutora de águia-imperial-ibérica mostrou uma tendência de crescimento desde que começaram os trabalhos de acompanhamento e conservação.

Durante a década de 1980, a águia-imperial-ibérica deixou de nidificar em Portugal, tendo sido considerada extinta enquanto espécie reprodutora. Só voltou a confirmar-se a presença de um casal com ninho, no Parque Natural do Tejo Internacional, em 2003, e no Alentejo, em 2006.

O primeiro censo espanhol da espécie, realizado em 1974 por Jesús Garzón, contou apenas 39 casais. Quatorze anos depois já eram 104 e a população continuou a crescer, a uma média anual de 6% para chegar aos 841 casais em 2022.

Segundo o ICNF, a recuperação da espécie explica-se graças aos “esforços de conservação (…) focados sobretudo na correção de linhas elétricas de alta perigosidade e no combate ao uso ilegal de iscos envenenados”. 

Mas, apesar desta evolução positiva, “a mortalidade por causas não naturais continua a ser uma preocupação, sobretudo por eletrocussão e uso ilegal de venenos, bem como um aumento da perseguição direta a esta espécie. Regista-se também a preocupação com o desenvolvimento de infraestruturas energéticas que possam afetar negativamente o seu habitat”, acrescentou o ICNF.

Em 2018, foi aprovada a atualização da Estratégia de Conservação da espécie em Portugal e Espanha, que se concretiza no terreno através de um plano de ação em Portugal e dos planos de recuperação aprovados pelas comunidades autónomas em Espanha.

Em 2023 prevê-se a realização de um novo censo completo para confirmar a tendência crescente desta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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