Um fóssil encontrado na ilha da Madeira revela a existência de formigas nesta ilha há pelo menos um milhão e trezentos mil anos atrás. Trata-se do fóssil mais antigo de uma formiga encontrado numa ilha de origem vulcânica e o primeiro registo para as ilhas da Macaronésia (isto é, Madeira, Açores, Canarias e Cabo Verde).
O artigo foi publicado online esta segunda-feira, dia 5 de Dezembro, na revista científica internacional “Historical Biology”.
Até agora desconhecia-se quando é que estes insetos chegaram à ilha da Madeira.
As formigas são dispersoras muito pouco eficazes, sendo que a travessia de oceanos por via aérea ou mesmo por jangadas naturais são eventos raros. A nível mundial existem arquipélagos que não têm formigas nativas, como é o caso do arquipélago do Havai, onde todas as espécies encontradas foram introduzidas por via humana.
O fóssil madeirense agora descrito é um fragmento de uma asa de uma formiga alada e foi encontrado em sedimentos datados com um milhão e trezentos mil anos, segundo um comunicado da Universidade da Madeira.
“Este fóssil tem uma importância internacional pois demonstra que, afinal, uma espécie de formigas conseguiu cruzar o oceano e chegar à ilha da Madeira de modo natural (isto é, sem intervenção humana). Igualmente, trata-se do fóssil mais antigo de uma formiga encontrado numa ilha de origem vulcânica.”
Apesar de serem relativamente comuns no registo fóssil continental, nas ilhas oceânicas os fósseis insetos são extremamente raros e até agora fósseis de formigas tão antigos eram completamente desconhecidos.
Os autores do estudo – Carlos A. Góis Marques (Universidade Complutense de Madrid, Espanha), Pedro Correia (Universidade de Coimbra), André Nel (Muséum National d’Histoire Naturelle, França), José Madeira (Universidade de Lisboa) e Miguel Menezes de Sequeira (Universidade da Madeira) – defendem que são necessários mais estudos para compreender se existe coevolução de interações de formigas com as plantas endémicas do arquipélago da Madeira, especialmente na dispersão de sementes.
Esta publicação resulta dos trabalhos de investigação de Carlos Góis-Marques, realizados nos laboratórios do Grupo de Botânica da Madeira na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira. Carlos Góis-Marques é atualmente professor visitante na Unidade de Botânica da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) e colaborador no Grupo de Botânica da Madeira e do Instituto Dom Luiz, Universidade de Lisboa.