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Estudo comprova que castores recuperam rios e travam picos de cheia

17.02.2016

Os castores reintroduzidos numa região da Escócia em 2002 melhoraram a biodiversidade, minimizaram poluentes e reduziram o impacto das inundações a jusante, revela um novo estudo da Universidade de Stirling.

 

Desde 2003, uma equipa de cientistas estuda as consequências da reintrodução de castores (Castor fiber) na região de Tayside, na Escócia.

Coordenados por Nigel Willby, da Escola de Ciências Naturais da Universidade de Stirling, os investigadores compararam áreas onde os castores têm estado activos com áreas onde não existem castores.

“Descobrimos que os comportamentos dos castores têm vários benefícios para o ambiente”, comentou Willby, em comunicado. “As suas competências para construírem diques ajudaram a restaurar rios degradados e aumentar a complexidade do habitat envolvente, aumentando assim em 28% o número de espécies registadas nesses locais”, acrescentou. “Esses diques também ajudaram a reduzir o nível de poluentes nos rios e armazenar água, reduzindo o impacto das inundações.”

O estudo, publicado ontem na revista científica Freshwater Biology, explica também que as bolsas de água interligadas criadas pelos diques feitos pelos castores aumentam até sete vezes a retenção da matéria orgânica. A biomassa de plantas aquáticas aumentou 20 vezes. Os níveis de poluentes agrícolas diminuiu nas áreas ocupadas por castores, com as concentrações de fósforo a registarem reduções de 50% e os nitratos mais de 40%.

“Os diques feitos pelos castores ajudam a restaurar a biodiversidade local e a acrescentar valor à retenção de nutrientes e armazenamento de água em picos de cheia, sugerindo benefícios a jusante”, comentou o investigador.

No Reino Unido, os castores foram caçados até à extinção no século XVI. Hoje, há duas populações na Escócia, uma em Tayside e outra em Knapdale. O impacto destes animais no ambiente está a ser estudado para ajudar a decidir o futuro da reintrodução da espécie na região.

O género Castor tem duas espécies, o castor-norte-americano (Castor canadensis) e o castor-europeu (Castor fiber).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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