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Buteo buteo rothschildi. Foto: Rui Teixeira

Está de regresso a 5 e 6 de Abril o censo desta ave nos Açores e Madeira

07.03.2025

O Censo de Milhafres/Mantas está de volta, nos dias 5 e 6 de abril de 2025. Este evento, promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), acontece todos os anos desde 2006 para monitorizar as populações desta ave de rapina.

Segundo a SPEA, o grande objectivo deste projecto de Ciência Cidadã é obter dados para permitir conservar a espécie e conhecer melhor onde ocorre e qual o seu estado de conservação nos Açores e na Madeira.  

Durante o censo, equipas de voluntários irão realizar vários percursos (a pé, de bicicleta ou de carro), recolhendo dados essenciais para o acompanhamento contínuo das subespécies de águia-de-asa-redonda que apenas ocorrem nestes arquipélagos:  o milhafre (Buteo buteo rothschildi) nos Açores e a manta (Buteo buteo harterti) na Madeira.   

Desde que o censo começou, em 2006, já participaram um total de 2000 voluntários.

“Os milhafres e as mantas, além de serem um símbolo importante da nossa fauna, desempenham um papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas locais, ajudando a controlar as populações de pequenos roedores”, comentou, em comunicado, Ana Mendonça, coordenadora do Censo nos Açores. “O acompanhamento constante destas espécies é crucial para garantir a sua proteção.”  

A participação no censo é aberta a todos: entusiastas da natureza, investigadores e cidadãos interessados em contribuir para a proteção da biodiversidade. “A experiência torna-se ainda mais enriquecedora quando realizada em grupo, seja com amigos ou familiares, criando uma oportunidade única de envolvimento e aprendizagem”, acrescentou a SPEA.  

Em 2024, participaram no censo 183 voluntários que registaram 535 aves: 403 milhafres nos Açores e 132 mantas na Madeira.

Com base nestes dados, a estimativa para as populações de 2024 aponta para 2887 milhafres nos Açores e 298 mantas na Madeira. Estes dados representam  um pequeno aumento na estimativa populacional em ambos os arquipélagos, que o censo deste ano poderá ajudar a aferir.  

“Quanto mais voluntários tivermos, maior precisão conseguimos ter, e melhor conseguimos avaliar se estamos perante uma tendência a longo prazo ou uma flutuação temporária, por exemplo. Cada percurso realizado é um passo na direção de sabermos mais sobre estas aves, por isso convidamos todos os cidadãos a juntarem-se a nós!” disse Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira.  

Os interessados em participar podem inscrever-se através de um formulário próprio ou aceder ao site da SPEA, onde encontrarão mais informações sobre o censo e as formas de envolvimento.

A SPEA vai ainda realizar um webinar gratuito no dia 29 de março, no qual irá esclarecer dúvidas e fornecer informações úteis para uma participação eficaz no censo.  

O censo de milhafres/mantas nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, é um projeto de ciência-cidadã coordenado pela SPEA, para obter informação sobre as populações das subespécies de águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. “Apesar de ser uma das aves mais emblemáticas dos dois arquipélagos, esta espécie tem sido pouco estudada, pelo que os dados recolhidos neste censo são ainda mais valiosos”, lembrou a SPEA.

A espécie alvo, nos Açores, é o Buteo buteo rothschildi, conhecida vulgarmente por milhafre ou queimado, e na Madeira, é o Buteo buteo harterti, conhecida por manta.

“Estas duas subespécies partilham características morfológicas e comportamentos e são umas das aves mais emblemáticas dos dois arquipélagos, sendo que, no caso dos Açores, o milhafre é a única espécie de ave de rapina diurna residente. No entanto, esta espécie não tem sido alvo de estudos biológicos aprofundados, pelo que esta iniciativa se reveste de grande importância, principalmente dado o seu papel essencial nos nossos ecossistemas enquanto agente controlador de pragas como, por exemplo, os ratos”, segundo a SPEA.

O censo decorre uma vez por ano, durante um fim de semana no mês de março ou abril, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira (com exceção das ilhas Flores e Corvo, nos Açores, e ilhas Desertas, na Madeira, onde não ocorre esta espécie).

Onde ver as aves: Segundo a SPEA, esta ave de rapina, com uma envergadura entre 110 e 130 centímetros, pode ser vista sozinha ou em grupo, a voar, pairar, pousada no solo ou, muito frequentemente, em cima de muros, postes e nos seus poisos de caça. A espécie pode ser observada um pouco por todo o lado, em zonas florestais, áreas costeiras, pastagens e mesmo zonas urbanas, alimentando-se maioritariamente de roedores, pode consumir também pequenas aves, insectos e minhocas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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