Edward Osborne Wilson, tido como o “herdeiro de Darwin” e um dos mais proeminentes naturalistas do mundo, morreu a 26 de Dezembro em Burlington, Massachusetts (Estados Unidos), aos 92 anos, informou a EO Wilson Biodiversity Foundation.
Wilson, um perito em insectos e ecossistemas que lutou para travar o declínio mundial da biodiversidade, era um biólogo premiado e professor nas Universidades de Harvard e Duke. Chamavam-lhe o herdeiro natural de Charles Darwin.
“Wilson dedicou a sua vida a estudar o mundo natural e a inspirar outros para cuidarem desse mundo natural tal como ele”, segundo uma nota daquela Fundação.
Nas palavras de Paula J. Ehrlich, presidente da Fundação, “o santo Graal do Edward era o puro entusiasmo da conquista de conhecimento”. “O seu foco científico corajoso e a voz poética transformaram a forma como nos compreendemos a nós próprios e ao nosso planeta. A sua maior esperança era que estudantes por todo o mundo partilhassem a sua paixão pela descoberta como a fundação científica para a gestão futura do nosso planeta. O seu legado foi uma crença profunda nas pessoas e na nossa vontade humana partilhada de salvar o mundo natural.”
E.O. Wilson era chamado o “herdeiro natural de Darwin” e era afectuosamente conhecido como o “homem das formigas” pelo seu trabalho pioneiro como entomólogo. Wilson lembrava, fascinado, que se conheciam mais de 20.000 espécies de formigas desde o Círculo Polar Árctico à ponta da América do Sul. Só na floresta tropical da Amazónia, as formigas representam mais de 10% da biomassa de todos os animais.
No seu livro The Diversity of Life, de 1992, escrevia sobre uma expedição que fez à floresta tropical da Amazónia e sobre os seus insectos: “Subitamente apercebi-me do quão pouco se sabe sobre estas criaturas da floresta tropical e quão profundamente gratificante seria passar meses, anos, o resto da minha vida neste lugar até conhecer todas as espécies pelo nome e cada detalhe das suas vidas.”
E.O Wilson era professor Emérito da Universidade de Harvard, onde deu aulas durante 46 anos, presidente da E.O. Wilson Biodiversity Foundation e presidente do Half-Earth Council.
Autor de mais de 30 livros e centenas de artigos científicos, recebeu por duas vezes o Prémio Pulitzer, primeiro em 1979 com o livro de On Human Nature e depois em 1991 com o livro The Ants.
Wilson nasceu em 1929 em Birmingham, Alabama (Estados Unidos), e desde cedo cresceu nele um interesse pelo mundo natural. Estudou na Universidade de Alabama e fez o doutoramento em Harvard, onde ensinou durante 46 anos.
Durante a sua carreira, E.O. Wilson descobriu mais de 400 espécies de formigas e provou que as formigas usam excreções de feromonas para comunicar umas com as outras.
Este investigador, que estudou como a selecção natural e outras forças podem influenciar o comportamento dos animais, era também um ávido activista pela conservação e foi instrumental em lançar a Encyclopedia of Life, uma base de dados online gratuita que documenta todas os 1.9 milhões de espécies da Terra reconhecidas pela Ciência.
Em 2016 publica o livro Half-Earth: Our Planet’s Fight for Life, onde propõe um plano exequível para salvar a biosfera: dedicar metade da superfície da Terra à natureza. Entre as regiões do planeta que Wilson defendia ainda poderem ser reclamadas para o mundo natural estão o Parque Nacional da Gorongosa (Moçambique), a bacia hidrográfica do rio Amazonas e as planícies do Noroeste da Europa.