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Edward O. Wilson. Foto: Jim Harrison/PLoS

Edward O. Wilson, um dos mais proeminentes naturalistas do mundo, morreu aos 92 anos

28.12.2021

Edward Osborne Wilson, tido como o “herdeiro de Darwin” e um dos mais proeminentes naturalistas do mundo, morreu a 26 de Dezembro em Burlington, Massachusetts (Estados Unidos), aos 92 anos, informou a EO Wilson Biodiversity Foundation.

Wilson, um perito em insectos e ecossistemas que lutou para travar o declínio mundial da biodiversidade, era um biólogo premiado e professor nas Universidades de Harvard e Duke. Chamavam-lhe o herdeiro natural de Charles Darwin.

“Wilson dedicou a sua vida a estudar o mundo natural e a inspirar outros para cuidarem desse mundo natural tal como ele”, segundo uma nota daquela Fundação.

Nas palavras de Paula J. Ehrlich, presidente da Fundação, “o santo Graal do Edward era o puro entusiasmo da conquista de conhecimento”. “O seu foco científico corajoso e a voz poética transformaram a forma como nos compreendemos a nós próprios e ao nosso planeta. A sua maior esperança era que estudantes por todo o mundo partilhassem a sua paixão pela descoberta como a fundação científica para a gestão futura do nosso planeta. O seu legado foi uma crença profunda nas pessoas e na nossa vontade humana partilhada de salvar o mundo natural.”

E.O. Wilson era chamado o “herdeiro natural de Darwin” e era afectuosamente conhecido como o “homem das formigas” pelo seu trabalho pioneiro como entomólogo. Wilson lembrava, fascinado, que se conheciam mais de 20.000 espécies de formigas desde o Círculo Polar Árctico à ponta da América do Sul. Só na floresta tropical da Amazónia, as formigas representam mais de 10% da biomassa de todos os animais.

No seu livro The Diversity of Life, de 1992, escrevia sobre uma expedição que fez à floresta tropical da Amazónia e sobre os seus insectos: “Subitamente apercebi-me do quão pouco se sabe sobre estas criaturas da floresta tropical e quão profundamente gratificante seria passar meses, anos, o resto da minha vida neste lugar até conhecer todas as espécies pelo nome e cada detalhe das suas vidas.”

E.O Wilson era professor Emérito da Universidade de Harvard, onde deu aulas durante 46 anos, presidente da E.O. Wilson Biodiversity Foundation e presidente do Half-Earth Council.

Autor de mais de 30 livros e centenas de artigos científicos, recebeu por duas vezes o Prémio Pulitzer, primeiro em 1979 com o livro de On Human Nature e depois em 1991 com o livro The Ants.

Wilson nasceu em 1929 em Birmingham, Alabama (Estados Unidos), e desde cedo cresceu nele um interesse pelo mundo natural. Estudou na Universidade de Alabama e fez o doutoramento em Harvard, onde ensinou durante 46 anos.

Durante a sua carreira, E.O. Wilson descobriu mais de 400 espécies de formigas e provou que as formigas usam excreções de feromonas para comunicar umas com as outras.

Este investigador, que estudou como a selecção natural e outras forças podem influenciar o comportamento dos animais, era também um ávido activista pela conservação e foi instrumental em lançar a Encyclopedia of Life, uma base de dados online gratuita que documenta todas os 1.9 milhões de espécies da Terra reconhecidas pela Ciência.

Em 2016 publica o livro Half-Earth: Our Planet’s Fight for Life, onde propõe um plano exequível para salvar a biosfera: dedicar metade da superfície da Terra à natureza. Entre as regiões do planeta que Wilson defendia ainda poderem ser reclamadas para o mundo natural estão o Parque Nacional da Gorongosa (Moçambique), a bacia hidrográfica do rio Amazonas e as planícies do Noroeste da Europa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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