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Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Simonetta_78/Pixabay

Descoberto novo fóssil que ajuda a compreender evolução das aves primitivas às aves modernas

13.11.2024

Uma equipa internacional de cientistas descobriu um novo fóssil de ave – Navaornis hestiae – do Cretáceo Superior do Brasil, que ajuda a compreender a evolução do crânio e cérebro das aves, avançou hoje a Universidade de Coimbra. 

O artigo científico que acaba de ser publicado na revista Nature explica detalhadamente esta descoberta, fruto de um trabalho no qual participou Ismar de Souza Carvalho, investigador do Centro de Geociências (CGEO) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). 

Evolução do cérebro de Navaornis. Ilustração: Júlia d’Oliveira

O fóssil Navaornis hestiae pertence a um grupo de aves já extinta, os Enantiornithes, muito comuns durante o Mesozoico, a era dos dinossauros, e foi encontrado em rochas com idades que variam entre 83,6 e 72,1 milhões de anos no interior do Estado de São Paulo, explicou Ismar de Souza Carvalho, que também é investigador no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. 

“Trata-se de uma das mais espetaculares descobertas já feitas na Paleontologia”, comentou, em comunicado. “O nome escolhido é uma homenagem ao paleontólogo William Roberto Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília, que descobriu a ave no município de Presidente Prudente”, acrescentou. 

Além de ter o aspeto tridimensional, este fóssil tem os indícios de como era o cérebro. “O seu crânio e cérebro demonstram aspetos morfológicos que indicam transformações evolutivas entre as aves mais primitivas (como por exemplo Archaeopteryx) e as aves atuais”, explicou Ismar Carvalho.

O crânio de Navaornis não tem dentes, tem grandes olhos e é muito parecido com o das aves modernas. 

Esta descoberta possibilita o entendimento de como e quando ocorreram os processos evolutivos, e até mesmo da neuroanatomia, que conduziram à origem das aves modernas.

“A descoberta de Navaornis é um marco para a Paleontologia brasileira. Além da excecionalidade de sua preservação, demonstra a relevância das aves que existiram logo após a separação dos continentes que formavam Gonduana e que possibilitam o entendimento de aspetos evolutivos entre as aves mais antigas e as atuais”, considerou o coautor.

Os fósseis revelam aspetos únicos da evolução da vida na Terra. “Esta ave é um bom exemplo disso, pois através dela é possível entender as transformações evolutivas, até agora desconhecidas, entre as aves mais primitivas e as que hoje encontramos em variados ambientes”, concluiu o cientista. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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