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Foto: Pexels/Pixabay

Cimeira “One Planet” hoje em Paris relança diplomacia para a biodiversidade

11.01.2021

A Covid-19 impediu 2020 de ser o “super-ano para a biodiversidade”. Hoje, chefes de Estado e de Governo e organizações internacionais reúnem-se em Paris para relançar a diplomacia naturalista com os olhos postos na COP15.

A cimeira “One Planet Summit for Biodiversity”, que tem como anfitrião Emmanuel Macron, Presidente francês, quer contribuir para repensar toda a nossa relação com a natureza.

Foram escolhidos quatro temas chave: a protecção dos ecossistemas terrestres e marinhos; a promoção da agro-ecologia (que possibilita proteger a diversidade de ecossistemas ao reduzir a poluição e criar mais postos de trabalho e garantir segurança alimentar) – esta cimeira vai focar-se em conseguir acelerar a implementação da Great Green Wall para o Saara e o Sahel -; mobilização de financiamento para a Biodiversidade (novas iniciativas e compromissos de financiamento público e privado para projectos de protecção, gestão sustentável e restauro de ecossistemas e para as alterações climáticas e biodiversidade); e relação entre desflorestação, espécies e saúde humana (trabalhar para evitar futuras pandemias, através do combate à desflorestação e prevenção de riscos relacionados com o nosso contacto com as espécies selvagens).

“A Covid-19 e a crise mundial que causou recordam, de forma dramática, a importância da natureza para as nossas vidas e economias: a biodiversidade é o nosso seguro de vida”, segundo os organizadores desta cimeira.

“Contudo, os danos aos ecossistemas não têm precedentes e terão graves consequências nos nossos estilos de vida ao longo das décadas futuras.”

Cerca de um milhão de espécies de animais e de plantas – dos cerca de oito milhões estimados existirem no planeta – estão ameaçados de extinção, alertaram especialistas do Painel Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) num relatório publicado em Maio de 2019. Muitas das quais, dizem, poderão desaparecer já durante a próxima década.

Reverter esta tendência é um desafio social e económico que vai exigir uma “profunda transformação na cadeia de valores, modelos de negócio e hábitos de consumo”, defendem.

“Este desafio mundial exige acções concertadas a todos os níveis (internacional, nacional e local) e por todos os agentes (governos, organizações internacionais, empresas, associações, cidadãos, etc).”

Para contribuir para este desafio, França organiza – em cooperação com as Nações Unidas e o Banco Mundial – a cimeira “One Planet Summit”. É “uma oportunidade para elevar o nível de ambição da comunidade internacional sobre a protecção da natureza e responder às novas questões levantadas por esta crise”.

A ambição desta cimeira será participar na construção de uma dinâmica de mobilização política que leve à COP15 (Conferência das Partes) da Convenção para a Diversidade Biológica, a realizar a 17 de Maio na cidade chinesa de Kunming.

Os países que se vão reunir na COP15 vão tentar travar a perda da biodiversidade, conseguir gerar recursos de forma sustentável e restaurar ecossistemas. Isto depois de terem falhado o cumprimento das metas previstas para a década que agora terminou, acordadas em Aichi, no Japão, em 2010.

A cimeira de hoje em Paris reúne chefes de Estado e de Governo – como Angela Merkel, Boris Johnson ou Ursula von der Leyen -, bem como líderes de organizações internacionais, instituições financeiras, sector empresarial e organizações não governamentais, todos preparados para fazer compromissos por acções concretas para preservar e restaurar a biodiversidade, para fazer novos anúncios e para lançar iniciativas.

Para conseguir um acordo ambicioso até ao final deste ano, estão a ser criadas coligações entre países e várias iniciativas. Uma delas é a Coligação de Elevada Ambição para a Natureza, lançada pela França e Costa Rica e que será adoptada na COP15. O objectivo é proteger um terço da superfície da Terra até 2030. Até ao momento, 50 Estados apoiam este desígnio.

Outra é a Terra Carta lançada hoje pelo Príncipe Carlos antes da cimeira de Paris. Este documento desafia os signatários a aceitar cerca de 100 acções para serem mais sustentáveis até 2030. Os compromissos voluntários incluem o apoio a acordos internacionais climáticos, biodiversidade e desertificação, e a promoção de esforços para proteger metade do planeta até 2050. Esta iniciativa pretende angariar financiamento para a natureza através da recém criada Natural Capital Investment Alliance.


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Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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