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Cheias: Grande Lisboa precisa urgentemente de espaços verdes mais naturais

13.12.2022
Musgo. Foto: Myriams Fotos/Pixabay

A Grande Lisboa precisa urgentemente de mais zonas naturais e biodiversas, uma vez que estas ajudam à drenagem das águas, alerta o Núcleo Regional de Lisboa da Quercus.

Para a organização “é urgente criar e fomentar espaços verdes de conceção mais natural”, alerta hoje em comunicado enviado à Wilder.

Na noite de 12 para 13 de Dezembro, o cenário de inundações e consequentes constrangimentos voltou a repetir-se em vários locais da cidade.

O tempo em Portugal Continental está a ser afectado pelas superfícies frontais associadas à depressão Efrain, centrada no Atlântico Norte, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que já colocou vários distritos do país em aviso laranja.

“Os dados científicos demonstram que estamos perante uma crise climática, em que fenómenos climáticos extremos irão ocorrer com maior frequência e violência.”

Perante este cenário, a Quercus recorda que “Lisboa é uma cidade com problemas de planeamento urbanístico, problemas de gestão de recursos, como entubamento de linhas de águas que fazem a drenagem natural das águas pluviais, entre outras más escolhas que culminam na situação atual”.

São problemas apontados pela Quercus a falta de planeamento, o mau urbanismo, a excessiva impermeabilização dos solos e a falta de zonas verdes e de espaços de drenagem.

A organização pede uma forma “mais sustentável” de pensar a cidade, em harmonia com a natureza.

Por exemplo, devem ser criados mais espaços verdes e serem trabalhadas linhas de água para voltarem a correr a céu aberto, valorizando-as, como foi feito na Praça de Espanha, em Lisboa.

É ainda urgente “criar e fomentar espaços verdes biodiversos e multifuncionais nas áreas urbanas”.

Por fim, salienta a importância de prevenir cheias e inundações ao “facilitar a drenagem dos terrenos, tendo em consideração os inúmeros serviços ecológicos, como a melhoria da qualidade do ar, o reforço do sistema imunológico, a regulação da temperatura e o potencial na resposta às alterações climáticas e à perda de biodiversidade”.

“Apelamos ao poder político que repense a forma como deve ser abordado este problema e que as soluções propostas sejam também uma oportunidade de construir uma cidade nova, em maior harmonia com a natureza.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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