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Final do dia na zona das Alagoas Brancas. Foto: D.R.

Alagoas Brancas: Em vez de um retail park, aqui vai nascer um parque natural

29.12.2023

Esta importante zona húmida da região algarvia vai receber um apoio do Fundo Ambiental para ali ser erigido o Parque Natural da Cidade de Lagoa, foi publicado em Diário da República.

De acordo com o despacho nº 13176-A/2023, assinado pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, a autarquia de Lagoa vai receber 3,670 milhões de euros para a criação do novo espaço verde, mediante a celebração de um protocolo de colaboração técnica e financeira com o Fundo Ambiental.

O diploma lembra que “as Alagoas Brancas (Lagoa) foram uma das três zonas húmidas analisadas detalhadamente” no âmbito de um estudo coordenado pela associação algarvia Almargem, em 2019, financiado pelo Fundo Ambiental. “Para este caso concreto, os valores naturais identificados neste relatório permitiram ter uma correcta percepção do que está em causa: além de uma considerável biodiversidade, a área tende ainda a concentrar números anormalmente elevados de aves, apesar de se localizar no meio de uma área urbana”, nota o despacho ministerial datado de 22 de Dezembro.

Aves na zona húmida das Alagoas Brancas. Foto: Manfred Temme

O futuro desta zona húmida com 8,5 hectares esteve bastante periclitante desde 2013, à mercê de um projecto que previa a construção de um retail park nesta área de charcos. As obras chegaram a ter início, mas entretanto paradas quando se tornou necessário translocar várias espécies protegidas para outro terreno.

Chegaram a ser realizados trabalhos de terraplanagem nas Alagoas Brancas, entretanto suspensos. Foto: Anabela Blofeld

Entretanto, foi crescendo a contestação de habitantes locais ao desaparecimento desta zona natural, com a criação do movimento cívico Salvar as Alagoas Brancas, que se juntou aos esforços de várias organizações não governamentais de ambiente e de outras associações.

Além de plantas aquáticas raras e ameaçadas, entretanto ali encontradas há poucos meses, as Alagoas Brancas são conhecidas como um refúgio importante para várias espécies, desde cágados nativos a aves e anfíbios, e como reserva de água doce, salientam ecólogos e biólogos portugueses.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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