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Foto: Joana Bourgard

Ainda não foi desta que a UE decidiu o que fazer com o glifosato

09.11.2017

A União Europeia (UE) continua dividida sobre a renovação, ou não, da licença por cinco anos para o controverso químico glifosato, acusado de causar cancro e danos nos insectos polinizadores.

 

A Comissão Europeia revelou hoje que não conseguiu a maioria necessária para renovar a licença a este químico, usado no herbicida Roundup, da Monsanto. Essa licença expira a 15 de Dezembro deste ano.

Catorze Estados membros votaram a favor – Dinamarca, Espanha, Estónia, Eslovénia, Eslováquia, Irlanda, Inglaterra, Lituânia, Letónia, Holanda, Finlândia, Hungria, República Checa e Suécia -, nove votaram contra – Áustria, Bélgica, Grécia, Croácia, Chipre, França, Itália, Luxemburgo e Malta – e cinco abstiveram-se – incluindo Portugal, Bulgária, Alemanha, Roménia e a Polónia.

“Uma vez que não se conseguiu uma maioria qualificada… o resultado da votação é “sem opinião'”, disse a Comissão Europeia, citada pela agência de notícias AFP.

De início, Bruxelas recomendou a aprovação do glifosato por mais uma década. Mas, confrontada com um coro de protestos que alertavam para os perigos do químico para a saúde e para o Ambiente, a Comissão Europeia reduziu a sua proposta de 10 para cinco anos. Ainda assim, ambientalistas como a Greenpeace pedem uma proibição total deste químico na Europa. Salientam que, em 2015, a Organização Mundial de Saúde concluiu que este químico poderá causar cancro.

“A Comissão está a tentar avançar com uma nova licença para o glifosato, apesar dos escândalos em redor do seu principal fabricante e da própria avaliação de riscos da União Europeia”, comentou hoje em reacção ao sucedido em Bruxelas Franziska Achterberg, responsável da Greenpeace para a Política de Alimentação. “Uma nova licença é uma nova licença, independentemente da sua duração”, disse, em comunicado. “Se a Comissão continuar a permitir a contaminação dos nossos solos, água, alimentos e organismos por este químico tóxico, estará simplesmente a premiar a Monsanto por esconder os perigos ligados a este herbicida. A União Europeia precisa bani-lo agora, não em três, cinco ou dez anos.”

A Monsanto, gigante agro-industrial norte-americano, insiste em que o herbicida Roundup cumpre todos os requisitos para ver a licença renovada na União Europeia.

Já a 25 de Outubro, os Estados-membros não conseguiram chegar hoje a acordo e adiaram uma decisão para 8 de Novembro.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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