Banner

Alagoas Brancas. Foto: Almargem

Agora já pode ficar a conhecer a biodiversidade das Alagoas Brancas a partir da sua casa

13.12.2024

A zona húmida às portas de Lagoa, Algarve, tem a partir de 12 de Dezembro um site onde qualquer pessoa pode ficar a conhecer as espécies de aves, répteis, anfíbios, insectos, mamíferos e de flora, anunciou a associação Almargem.

 

 

O site alagoasbrancas.pt reúne informação sobre algumas das espécies que podemos encontrar nesta zona húmida algarvia, alvo de esforços de proteção por vários movimentos cívicos e entidades ao longo dos últimos anos. O desejo é que esta seja, futuramente, uma área classificada.

 

Alagoas Brancas. Foto: Almargem

 

Além do site, está disponível para download uma brochura digital, em português e inglês. As informações sobre as espécies, escritas numa linguagem clara e acessível, são acompanhadas de ilustrações científicas de Davina Falcão, João T. Tavares, Marcos Oliveira e Paula Gaspar.

Tanto o site como a brochura são parte dos resultados da candidatura “Alagoas Brancas: do conhecimento à ação”, financiada pelo Fundo Ambiental, cujo objectivo foi sensibilizar a população e aumentar o conhecimento público quanto à riqueza e valores naturais que ali se encontram.

No âmbito dessa candidatura, mais de 200 alunos e 10 professores das escolas do primeiro ciclo do ensino básico do concelho de Lagoa foram “Ornitólog@s por um dia!”. Orientados por especialistas, ficaram a saber mais sobre a biologia das aves, as espécies que ocorrem nas Alagoas Brancas e a importância desta zona húmida. Houve ainda tempo para uma sessão prática de observação de aves. 

“Estas ações são fundamentais para a formação de jovens cidadãos mais conscientes e com mais interesse na descoberta e defesa dos valores naturais”, segundo um comunicado da Almargem. “O seu sucesso ficou claro no interesse que alunos e professores mostraram em dar continuidade a este tipo de atividades.”

Os fins de semana ficaram reservados para uma série de saídas de campo nas Alagoas Brancas. Os participantes aprenderam sobre vários tipos de fauna (borboletas noturnas, insetos, aves), sobre a vegetação e a geologia deste espaço, em visitas guiadas por especialistas. 

Já o Bioblitz, que contou com 11 atividades compactadas num fim de semana, permitiu à população participar ativamente na recolha de informação sobre as Alagoas Brancas. Foram contabilizadas as espécies encontradas (plantas aquáticas e terrestres, aves, insetos, anfíbios e outros grupos), uma informação fundamental para dar continuidade à monitorização da biodiversidade deste ecossistema. 

 

Alagoas Brancas. Foto: Almargem

 

Aconteceu ainda uma ação de voluntariado de remoção de plantas invasoras.

Estas ações contaram com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa e a participação de várias entidades: Centro de Ciências do Mar, Universidade do Algarve, Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, TAGIS, Associação Vita Nativa, A Rocha e Geowalk & Talks.

A coordenação operacional do projeto ficou a cargo da associação Almargem.

Uma comunidade rara de espécies

“A singularidade desta área e a sua relevância a nível nacional e internacional advêm da comunidade botânica aqui existente. Este é o único local em Portugal onde ocorrem oito espécies botânicas importantes em simultâneo e um dos poucos na Europa e no mundo com estas características”, acrescentou a Almargem. “A riqueza botânica do local permite equipará-lo a uma “mini Doñana”. Destaque para a maior população, em Portugal, da estrela-de-água (Damasonium bourgaei), uma espécie muito rara.”

 

Alagoas Brancas. Foto: Almargem

 

A Almargem defende a continuidade das ações de formação e de recolha de dados e monitorização naquela zona húmida. “Por se tratar de uma zona húmida com características muito diferentes consoante haja, ou não, água, só o estudo de pelo menos um ano hidrológico completo (isto é, que cubra os diferentes níveis de precipitação ao longo de 12 meses) poderá ajudar a traçar um retrato fiável de todos os valores naturais presentes.”

 


PUB

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss