Durante 2016 pelo menos 200 pessoas foram assassinadas por defenderem o Ambiente, revela hoje a organização Global Witness. O ano passado foi o pior de sempre, alerta.
Feitas as contas são quase quatro pessoas mortas por semana ao longo de 2016 por protegerem a sua terra, florestas e rios de actividades mineiras, abate de árvores e exploração agrícola industrial, revelou o novo relatório da Global Witness, “Defensores da Terra”.
Este número representa um aumento em relação às mortes registadas em 2015, que foi de 185. O mesmo acontece se olharmos para o número de países onde estas ocorreram. Em 2015 foram 16 países e em 2016 esse número subiu para 24. A América Latina continua a ser a região mais afectada, com 60% dos assassinatos.
“O assassinato é o culminar de uma série de táticas usadas para silenciar os defensores do Ambiente, desde ameaças de morte, detenções, raptos, violações e ataques legais agressivos”, denuncia a organização em comunicado.
No ano passado, os países que registaram mais mortes foram o Brasil (49), a Colômbia (37), Filipinas (28), Índia (16) e Honduras (14). Esta lista negra inclui ainda outros países, como a República Democrática do Congo, Nicarágua, Irão, México, Bangladesh e Guatemala.
“Eles ameaçam-te para que te cales”, contou Jakeline Romero, activista colombiana, à Global Witness. “Não me consigo calar. Não me posso calar perante o que está a acontecer ao meu povo. Estamos a lutar pelas nossas terras, pela nossa água, pelas nossas vidas.” Romero protesta contra os impactos da maior mina a céu aberto da América Latina, El Cerrejón, que tem obrigado populações a abandonar as suas casas e causado cortes de água.
“A batalha pelo planeta está a intensificar-se rapidamente”, diz Ben Leather, da Global Witness.
Quase 40% das pessoas que perderam a vida são de povos indígenas a quem empresas, proprietários e outros agentes tiraram a terra onde viviam há várias gerações.
A indústria mineira é a actividade mais perigosa, com pelo menos 33 mortes ligadas a este sector. A extracção madeireira registou um aumento de 15 para 23 mortes num ano. O sector agroindustrial registou também 23 mortes.
Também proteger parques nacionais se tornou numa profissão de risco. Pelo menos nove guardas foram assassinados no ano passado na República Democrática do Congo.